Política

Maceió torra R$ 23 mi no São João, mas cancela festa de R$ 40 mil

As atrações do evento são locais e custariam, de acordo com edital da Prefeitura de Maceió, R$ 20 mil por dia

Por Blog do Edivaldo Jr. 28/06/2024 12h12
Maceió torra R$ 23 mi no São João, mas cancela festa de R$ 40 mil
A presidente da associação, Valéria Cavalcante, lamentou o cancelamento do São João no Graciliano Ramos - Foto: Reprodução/Instagram

A Prefeitura de Maceió decidiu cancelar o São João do Graciliano Ramos, complexo habitacional da parte alta da cidade que conta com uma população estimada em 100 mil pessoas, segundo dados da associação de moradores do local. O evento, que teve início nos dias 23 e 24 de junho, teria sequência nesta sexta, 28, e sábado, 29.

As atrações do evento são locais e custariam, de acordo com edital da Prefeitura de Maceió, R$ 20 mil por dia. Somados, os dois dias de evento custariam R$ 40 mil. No entanto, nessa quinta, 27, a Prefeitura de Maceió mandou recolher os banheiros químicos que estavam instalados no local e comunicou à Associação dos Moradores do Graciliano Ramos (AMGR) que não teria verba suficiente para dar prosseguimento ao evento.

O São João do Graciliano Ramos tinha parte da estrutura e das atrações custeadas pela Fundação Municipal de Ação Cultural. A presidente da AMGR, Valéria Cavalcante, gravou um vídeo anunciando o cancelamento do evento.

"Passando por aqui para informar que as festividades de São Pedro que iam acontecer aqui no Graciliano Ramos foram canceladas. Recebi uma ligação do presidente da Fundação Cultural de Maceió, senhor Myriel, informando que, por falta de verbas, teríamos que cancelar o evento. Isso nos deixou muito tristes, porque se criou uma grande expectativa, houve toda uma divulgação, os ambulantes se organizaram e todos nós fomos pegos de surpresa, mas a vida segue. Desejo a todos um feliz São Pedro", disse Valéria.

Valéria recebeu a ligação de Myriel Cavalcanti Mello Neto. Ele é presidente da FMAC, a mesma fundação que já gastou mais de R$ 17 milhões somente com o pagamento de cachês para as “atrações nacionais” que estão se apresentando no São João Massayo 2024, em Jaraguá. Outros R$ 8,2 milhões foram gastos em cachês no Massayó Verão, em janeiro deste ano, além de cerca de R$ 2,5 milhões em diferentes outros eventos também em 2024.

Até esta sexta-feira, 28 de junho, os gastos da FMAC somavam R$ 41 milhões, de acordo com informações do Portal da Transparência de Maceió. Deste valor, mais de R$ 27 milhões foram gastos em cachês com “artistas de fora” e outros R$ 7 milhões em estrutura. Os gastos, somente no São João Massayo, considerando os valores dos cachês (mais de R$ 18,5 milhões) e de estrutura (R$ 4,5 milhões), já passam de R$ 23 milhões.

Para efeito de comparação, o valor gasto apenas com uma grande atração do São João Massayo, Gusttavo Lima, seria suficiente para fazer o São João do Graciliano Ramos durante 30 anos. O cantor levou R$ 1,2 milhão de cachê, o equivalente a R$ 10 mil por minuto.

Bastariam apenas 4 minutos do artista para fazer a festa no Graciliano, os mesmos 4 minutos que Lima passou no palco do São João Massayo rodando a roleta do “cassino” Vaidebet.

Para efeito de comparação, a FMAC paga cachê de R$ 50 mil a Millane Hora. A cantora é mulher do senador Rodrigo Cunha (Pode), que foi o responsável pela indicação de Myriel Cavalcanti, seu ex-assessor, para a presidência da fundação.

Este ano, a mulher do senador já se apresentou em dois eventos da prefeitura de Maceió (São João e Massayo Verão), o equivalente a R$ 100 mil em cachês. Estranhamente, os contratos para a apresentação da cantora não foram publicados no Diário Oficial de Maceió, nem os pagamentos aparecem no portal da transparência no nome da empresa da artista.