Política

Braskem descarta novas indenizações e defende realocação de moradores em áreas de risco em Maceió

Vice-presidente da empresa, Marcelo Cerqueira foi ouvido pela CPI da Braskem e alegou que os moradores não serão realocados nem indenizados

Por Ruan Teixeira* 14/05/2024 15h03 - Atualizado em 14/05/2024 17h05
Braskem descarta novas indenizações e defende realocação de moradores em áreas de risco em Maceió
Imóvel abandonado em bairro de Maceió que sofreu afundamento do solo por causa da exploração de sal-gema pela Braskem - Foto: UFAL/Divulgação

Em audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado, o vice-presidente da Braskem, Marcelo Cerqueira, afirmou nesta terça-feira, 14, que a empresa não indenizará os moradores das áreas monitoradas em Maceió, afetadas pelo afundamento do solo. 

Cerqueira reconheceu que a mineradora é responsável pelo problema e lamentou o impacto na vida dos moradores. Ele explicou que a Braskem encerrou a exploração das minas de Salgema em 2019 e cumpriu os acordos judiciais, que incluíram a realocação de moradores das áreas de risco. 

Respondendo ao senador Rogério Carvalho (PT-SE), Cerqueira disse que, em vez de indenizar, a Braskem comprou imóveis para demolição e garantir a segurança das áreas desocupadas. Ele destacou que os laudos contratados pela empresa não tinham o objetivo de refutar estudos independentes, como o do Serviço Geológico do Brasil, que confirmou a responsabilidade da Braskem. 

Cerqueira mencionou ainda que, conforme a Defesa Civil de Maceió, as áreas monitoradas, incluindo bairros como os Flexais, não estão em situação de risco, e por isso, os moradores não serão realocados nem indenizados. 

Durante a sessão, senadores manifestaram preocupações com a segurança dos moradores. O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) criticou a Braskem por recorrer à justiça para evitar indenizações e defendeu a realocação dos moradores das áreas monitoradas. Ele argumentou que, apesar dos dados técnicos apresentados pela Braskem, a empresa tem capacidade financeira para realocar essas pessoas e garantir sua segurança. 

O engenheiro da Braskem, Paulo Cabral de Mello, também esteve presente, mas se recusou a responder perguntas, amparado por um habeas corpus, devido a uma investigação da Polícia Federal e a quebra de seus sigilos pela CPI. 

Documentos apresentados pelo relator indicaram que Cabral se contradisse em relação aos parâmetros de segurança na exploração das minas e não forneceu dados verdadeiros sobre a situação das cavas. Ele permaneceu em silêncio quando questionado sobre a exploração de Salgema e os investimentos na segurança das minas. 

A CPI continua investigando o caso e os senadores insistem na necessidade de reavaliar a situação das áreas monitoradas e a segurança dos moradores.

Com informações do Agência Senado.