Política

Instituto que vai receber quase R$ 70 milhões da Prefeitura de Maceió ignora prestação de contas

IGEVE foi contratado pelo município para administrar creches do programa Gigantinhos

Por Redação 08/05/2024 17h05 - Atualizado em 08/05/2024 18h06
Instituto que vai receber quase R$ 70 milhões da Prefeitura de Maceió ignora prestação de contas
Gestão de Gigantinhos é criticada por vereadores de Maceió. - Foto: Reprodução

A Prefeitura de Maceió vai destinar, em 2024, o valor de cerca de R$ 69 milhões para a implantação e manutenção de 5 creches do programa Gigantinhos, administradas pelo Instituo de Gestão Educacional e Valorização do Ensino (IGEVE). A Organização da Sociedade Civil, que recebeu o dinheiro público, porém, ignora uma questão fundamental à coisa pública: transparência. 

Em seu site, o IGEVE até possui uma aba "transparência", mas ao clicar na prestação de contas para as unidades de Maceió, as únicas  informações que aparecem são telefones e emails institucionais. Nada sobre como é gasto a verba recebida da prefeitura de Maceió.

O Instituto e o Municípios foram alvo de críticas esta semana. Vereadores, inclusive aliados do prefeito JHC afirmaram que a Secretaria Municipal de Educação (Semed) privilegia processos de Organizações Sociais Civis, as OSCs, de fora do estado, caso do IGEVE, em detrimento de entidades locais, com trabalhos consolidados junto à população. "Deixo aqui claro que queremos transparência, informações, que cheguem das formas mais corretas possíveis para que possamos defender a população de Maceió, para que as ações da Secretaria Municipal de Educação cheguem para as pessoas que mais precisam”, disse o vereador João Catunda (PP), ao solicitar informações sobre processos das OSCs protocolados nos gabinetes da Semed. 

A vereadora Silvânia Barbosa (Solidariedade) foi mais contundente e teceu duras críticas à gestão do programa Gigantinhos. Segundo ela, mães de crianças autistas tiveram que trabalhar como auxiliar de sala, na ausência desses profissionais e pessoas recém-contratadas pediram demissão diante do não pagamento de benefícios trabalhistas. Outros profissionais relatam terem sido filmados durante a atuação nas creches, em clara situação de intimidação. 

“Então, diz que a empresa, ela deixa bem claro que quem manda é a empresa, não é a prefeitura, é ela que faz o que quer. Então, a reclamação, inclusive, tem alguns contratados que estão desistindo”, diz  Silvania, sobre mais de 30 profissionais que pediram demissão. “Eu espero que a secretária responda, pelo menos aos meus ofícios porque realmente as pessoas estão precisando de espaço para trabalhar, mas que elas sejam tratadas com decência e com respeito”, diz em outro trecho a edil. 

O Igeve foi contratado para operar em Maceió com o dinheiro que a prefeitura de Maceió recebeu do acordo com a Braskem. Até agora, em apenas quatro meses, foram destinados R$ 34,6 milhões para implantar e manter 5 creches em Maceió. Mais de R$ 24 milhões foram transferidos para "implantação", o que na prática significa recursos para obras ou compra de equipamentos. O contrato do Igeve foi realizado em menos de 1 mês, prevendo pagamentos, somente em 2024, de cerca de R$ 69 milhões, totalizando aproximadamente R$ 14 milhões por cada creche que o instituto irá manter em funcionamento a serviço da prefeitura de Maceió.

O Jornal de Alagoas procurou o IGEVE e aguarda retorno diante das denúncias. O espaço está aberto para atualização