Política

Siga o dinheiro: PF usou formula antiga, mas eficiente, para chegar até assessor de Lira

Por Blog do Edivaldo Júnior 02/06/2023 17h05
Siga o dinheiro: PF usou formula antiga, mas eficiente, para chegar até assessor de Lira
Lira e Luciano - Foto: Reprodução/Internet

No Brasil dinheiro deixa rastros como nunca antes. Qualquer, transferência ou movimentação bancária é registrada pelo Banco Central. Em valores mais altos, a transação deve ser comunicada ao COAF. Pessoas físicas ou jurídicas que comercializem qualquer bem cujo valor seja igual ou superior a R$ 10.000,00, ou que intermedeiem sua comercialização tem essa obrigação.

Quem vive no “submundo” das operações financeiras ilegais tentam encontrar caminhos para driblar os mecanismos de controle digital do Banco Central. Uma das práticas mais recorrentes é a realização de transações em dinheiro vivo. Pela regra, é preciso ‘comunicar ao Coaf qualquer operação que envolva o pagamento ou recebimento em espécie (“dinheiro vivo”) de valor igual ou superior a R$ 30 mil ou equivalente em outra moeda pagamentos em espécie a partir de R$ 30 mil”.

O “drible” no COAF é conhecido. Quem mexe com dinheiro ilegal fraciona as operações, com saques menores e recorrentes. Em alguns casos, o dinheiro é estocado em casas, apartamentos ou fazendas para depois chegar ao destinatário.

Quando quer investigar operações suspeitas na movimentação financeira ilegal, a polícia costuma seguir o dinheiro – literalmente.

E foi o que fez a PF na Operação Hefesto, que resultou na prisão do presidente do União Brasil em Alagoas, Luciano Cavalcante, o Luciano “Atalaia”, considerado braço direito do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Em reportagem, a Folha de São Paulo revelou que a “PF chegou a assessor de Lira ao seguir casal que fazia entregas em dinheiro vivo”

Veja trecho da reportagem:


“ A Polícia Federal chegou ao mais próximo assessor de Arthur Lira (PP-AL) após seguir o dinheiro movimentado pela Megalic, empresa suspeita de desviar verba de contratos de kits de robótica assinados no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Na investigação, iniciada a partir de reportagem da Folha publicada em abril do ano passado, a PF afirma ter descoberto que um casal de Brasília operava os desvios por meio de empresas de fachada, sendo que essas atuavam como receptoras de valores repassados pela Megalic.

Com base nas transações da Megalic, a PF passou a monitorar o casal de Brasília e descobriu uma intensa movimentação de saques em espécie em agências bancárias e posteriores entregas. A suspeita dos investigadores é que os valores tenham agentes públicos como destino.

Entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, a polícia acompanhou e filmou ao menos uma dezena de idas do casal a agências bancárias e entregas de valores em Brasília, cidades próximas e em Maceió (AL).

Em um desses monitoramentos secretos na capital alagoana, em janeiro de 2023, a PF flagrou o veículo utilizado pelo casal para ir a agências bancárias e depois usado para deslocamentos a possíveis locais de entrega de dinheiro.

Nesse episódio de janeiro, a PF mapeou R$ 115 mil em saques feitos pelo casal e ao menos uma suposta entrega de valores em um hotel.

Ao investigar o veículo, a PF descobriu que o carro formalmente estava em nome de uma pessoa, mas era utilizado e ficava na residência de Luciano Cavalcante (auxiliar direto de Lira) e sua esposa, Glaucia.

Nesse episódio de janeiro flagrado pela PF, o casal de operadores de Brasília foi flagrado indo até a casa do assessor de Lira. Glaucia foi filmada dirigindo o veículo com os dois durante deslocamentos em Maceió.”

Leia aqui a reportagem, na íntegra: PF chegou a assessor de Lira ao seguir casal que fazia entregas em dinheiro vivo