Política
“Medida eleitoreira” tirou R$ 1 bi de AL este ano, revela Renan Filho
A medida citada pelo governador foi a redução a alíquota do imposto, articulada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Como efeito colateral, a redução do imposto nesses produtos derrubou a receita de Estados e municípios

Senador eleito do MDB, o ex-governador de Alagoas, Renan Filho deu uma pausa na política para descansar alguns dias essa semana. Ainda assim, acompanha tudo pelo celular – cada passo do presidente eleito do Brasil e do governador reeleito de Alagoas. E tem tempo de sobra para isso. Só assume o Senado em fevereiro do próximo ano. Talvez antes, se virar ministro.
Mesmo com o nome especulado como um dos possíveis integrantes da equipe do futuro governo, que começa em 1o de janeiro, Renan Filho desconversa: “Não ando trabalhando por isso.Tenho apenas acompanhado a especulação da imprensa.”, resume.
O senador eleito, no entanto, avalia o atual momento e acredita o o próximo ano será muito difícil para a economia do Brasil e de Alagoas.
Para ele, o futuro presidente do Brasil precisa calibrar as medias na área econômica para não ficar refém da política. “Acho que o Lula tem que acertar na economia e não ficar refém de uma base sem identidade com o programa dele”, defende.
Renan Filho acredita que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), terá que se reinventar na relação com o Congresso Nacional. O cenário que ele vai encontrar, 12 anos depois do seu último mandato como presidente, é totalmente diferente.
“Acho que ele tá (Lula) tateando. Voltando a lida. Sentindo o clima. O Congresso hoje é mais forte e capaz de gerar maiorias inclusive contra governos. Ele tá tomando conhecimento mais detalhado desse novo mundo. O cenário é desafiador, mas Lula é craque”.
Substituição de receita
Sobre Paulo Dantas, seu sucessor, Renan Filho avalia que o governador “está indo bem”. Mas aponta que o cenário será desafiador no próximo ano: “a medida eleitoreira do ICMS dos combustíveis, energia e comunicações, tirou muito dinheiro do caixa (de Alagoas). Quase R$ 1 bi esse ano. Mas o problema maior não foi 22, já que houve compensação. Para 23, precisará de medidas de substituição de receitas”, pondera.
A medida citada pelo governador foi a redução a alíquota do imposto, articulada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Como efeito colateral, a redução do imposto nesses produtos derrubou a receita de Estados e municípios. Em Alagoas, o aperto orçamentário tem levado o Estado a apertar gastos no final deste ano. Além disso, professores devem ficar sem o rateio do Fundeb.
Investimentos
Mesmo nesse cenário, Renan Filho acredita que Paulo Dantas vai investir ao menos R$ 1,5 bi ano que vem. “Será menor que esse ano, mas provavelmente ainda a maior capacidade de investimento do país. Essa semana mesmo ele entregou uma estrada nova. Tem obra por todo lado”, afirma, acrescentando que “com a queda do ICMS, o governo terá que agir para manter o ritmo. Há muito espaço para agir. E será um movimento nacional pois outros estados também terão que fazer”.
Acho que o Lula tem que acertar na economia e não ficar refém de uma base sem identidade com o programa dele.Acho que ele tá tateando. Voltando a lida. Sentindo o clima. O Congresso hoje é mais forte e capaz de gerar maiorias inclusive contra governos.Ele tá tomando conhecimento mais detalhado desse novo mundo.Cenário desafiador. Lula é craque.
Maior déficit da história para outubro
Em meio a conversa, por aplicativo, o senador mandou para o blog uma reportagem do Poder360, que ilustra bem a situação dos Estados (não só de Alagoas ), após a redução do ICMS.
A reportagem revela, a partir de boletim das Estatísticas Fiscais do Banco Central, que os governos estaduais tiveram deficit primário de R$ 3,2 bilhões em outubro, o pior nas contas dos Estados para o período desde 1998.
Veja aqui as Estatísticas Fiscais
Leia aqui, na íntegra: Governos estaduais têm maior déficit da história para outubro
