Política
Renan ou Arthur Lira? Com antagonismo em alta, Lula terá que escolher um dos dois
No Brasil de hoje não tem espaço para os dois juntos nem mesmo numa sala de reunião, que dirá no mesmo governo

Os dois maiores líderes políticos da Alagoas de hoje – inquestionavelmente – levaram as divergências locais para o cenário nacional e terão influência no próximo governo do presidente Lula, pelo bem ou pelo mal que podem causar.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) acena com a PEC do auxílio em troca de apoio a sua recondução à presidência da Casa. Por tabela, um acordo com ele significa uma aliança com o Centrão. A aprovação do projeto daria (dará?) a Lula a possibilidade cumprir uma de suas principais promessas de campanha.
O senador Renan Calheiros (MDB), ex-presidente do Congresso Nacional, com papel destacado na oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e na eleição de Lula, de quem foi aliado de todas as horas, tem alertado o presidente eleito de que uma aliança com o Centrão representa erro grave, que pode inviabilizar o futuro governo. Como alternativa, Renan Calheiros tem oferecido a possibilidade de formar uma frente ampla no parlamento, para garantir a governabilidade a Lula.
O presidente eleito terá que escolher um dos dois. No Brasil de hoje não tem espaço para Renan e Arthur nem mesmo numa sala de reunião, que dirá no mesmo governo.
Quem conhece Lula aposta que ele tentará dar um jeito de ficar com os dois. Se isso é possível, o presidente eleito talvez seja o único no país com traquejo para conseguir realizar tal feito. Mas terá que usar toda a habilidade, do contrário poderá ter dois adversários de muito peso no Congresso Nacional.
Alerta
Nesta quarta-feira (23/11), antes de participar de reunião do Conselho Político da transição comandada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, o senador Renan Calheiros deu entrevista à GloboNews. E mais uma vez renovou o alerta ao presidente eleito, que teria cometido um “erro” ao negociar a PEC com o Centrão. Para o senador, é uma “armadilha” e há alternativas melhores.
“Eu acho que nós tivemos equívocos […] O que se recomenda como encaminhamento para um governo que se elegeu numa eleição tóxica, cheia de ensinamentos, é que se construa em primeiro lugar uma maioria congressual, com ela se eleja os presidentes das duas Casas, e depois surpreenda, com os partidos aliados a partir dos compromissos da campanha eleitoral, uma pauta que pode ser priorizada. Nós tivemos uma inversão dessa ordem. O novo governo tentou começar pela discussão da PEC e ocultou o fato de que a PEC, repito, não é caminho único”, declarou o senador.
Ele complementou dizendo achar que “recorrer ao Centrão” antes mesmo de tomar posse “também foi um erro”.
“Isso é muito ruim, manter essas estruturas ilegais, inconstitucionais de poder. Eu, toda vez que falo disso, eu lembro de um ditado que é muito usado na Espanha: ‘cria corvos e eles comerão seus olhos’. Nós estamos diante dessa realidade. O Centrão sempre faz a mesma coisa. Fez no final do governo da presidente Dilma, fez no governo do Michel [Temer], a partir do momento em que chegaram os pedidos de impeachment, e fez no governo do Jair Bolsonaro. Primeiro ele [o Centrão] elege os presidentes das Casas, depois ele começa a receber os pedidos de impeachment e tomam os governos. Não dá pra criar uma serpente no nosso quintal”, criticou Calheiros.
Veja trecho da entrevista no Twiter:
Concedi hoje uma entrevista à GloboNews apresentando as alternativas para honrar as promessas da campanha com responsabilidade fiscal e sem se curvar ao Centrão. pic.twitter.com/vOUXrdMT2w
— Renan Calheiros (@renancalheiros) November 23, 2022
