Política
Paulo muito bom ou Rodrigo muito ruim: o que definiu a eleição de governo em AL?
Cunha não soube aproveitar a fragilidade do adversário, que estava na lona

Quinze dias depois da reeleição de Paulo Dantas (MDB) para o governo de Alagoas (30/10), ainda tem muito muita gente tentando entender como um governador afastado por decisão judicial, alvo de uma operação da polícia federal, sangrando – literalmente – até as vésperas do pleito, conseguiu ser vitorioso?
As leituras se dividem entre um Paulo Dantas “muito bom”, que mesmo diante da crise conseguiu manter calma aparente, com um sorriso aberto e expressão de firmeza e um Rodrigo Cunha (União Brasil) muito ruim, que não soube aproveitar a fragilidade do adversário, que estava na lona e só se levantou após o início da contagem.
Entre o afastamento do governo (no dia 11 de outubro) e a primeira resposta da campanha de Paulo Dantas as acusações de que foi alvo, foram 8 dias. O primeiro pronunciamento do governador, para explicar como comprou sua casa e fez outros investimentos, saiu em 19 de outubro.
A demora, tem explicado o governador a alguns amigos, foi decorrente do efeito surpresa. Ninguém, muito menos ele, esperava uma operação semelhante a Edema, tenha sido ou não fruto de armação política, como se suspeitou.
Atordoados, Paulo Dantas e a equipe da campanha demoraram a reagir. E como! O novo “cenário” exigiu do governador um tempo muito maior de preparação para os debates na TV Pajuçara e TV Gazeta. Foram longas horas de reunião para criar uma estratégia de reação. E aparentemente deu certo. A troca de xingamentos que Rodrigo Cunha aceitou ajudou, segundo a avaliação de vários analistas, a anular os efeitos do debate contra Paulo. Era o que o marketing queria.
Rodrigo Cunha seguiu crescendo, mas avançou menos do que poderia ter crescido.
Ao fim e ao cabo, os dois candidatos tiveram desempenhos dentro do esperado. Paulo foi um pouco além e Rodrigo ficou um pouco aquém. Mas quem decidiu a eleição, desta vez, foi a “política”. Literalmente.
O estrago causado pela operação Edema na votação e Paulo Dantas em Maceió e Arapiraca, principalmente, foi compensado pelas lideranças políticas do interior, que asseguraram sua vitória na maioria dos municípios. Tudo isso foi uma junção de Renan Calheiros, Renan Filho, Lula, Marcelo Victor e Paulo Dantas – sem falar em outros importantes protagonistas – que deu certo.
No outro grupo, também se juntaram adversários poderosos, a exemplo de JHC, Jó Pereira, Rodrigo Cunha e Arthur Lira.
Paulo tem dividido a vitória com seus aliados. A pergunta é quem vai “levar pra casa” a derrota de Rodrigo Cunha. E aí, você tem resposta?
