Política
Terceiro turno em Alagoas: Renan abre nova disputa contra Arthur Lira
A ideia de abrir espaço no Orçamento com uma PEC da Transição, anunciada pelo PT, contrariou os interesses de emedebistas

Para o eleitor comum, o segundo turno marcou o fim do processo eleitoral em Alagoas – e no Brasil. Quem é da política, no entanto, tem novos embates pela frente.
A montagem da equipe de governo a eleição das mesas diretoras do parlamento – no cenário nacional e estadual – movimentam lideranças políticas.
No plano local, a questão está pacificada. Paulo Dantas vai governar Alagoas com o bloco que o ajudou a vencer a eleição – e ponto final.
A Assembleia Legislativa de Alagoas deve reeleger Marcelo Victor para a presidência (se for possível pelas regras) ou eleger Bruno Toledo para comandar a Casa.
No plano nacional, a equação é mais complexa – sempre. O presidente eleito, Lula, montou a equipe de transição com partidos e lideranças políticas que o ajudaram na sua vitória, mas tem pela frente o desafio da governabilidade. É aí que está sendo aberta uma nova disputa, uma espécie de terceiro turno, entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e o senador senador Renan Calheiros (MDB-AL), ex-presidente do Congresso Nacional por três vezes, com inegável capacidade de articulação.
Os dois elevaram o tom da disputa durante o primeiro e segundo turno das eleições em Alagoas e prometem manter o debate “aquecido” pelos próximos três meses, até que sejam realizadas as eleições das mesas diretoras do Senado e da Câmara.
Renan trava uma batalha interna para evitar que Lula ceda ao ‘Centrão’ de Lira em nome da aprovação da PEC do auxílio de R$ 600 e de apoio no Congresso Nacional. A contrapartida seria apoio ou neutralidade à reeleição de Arthur na presidência da Câmara dos Deputados.
O senador já trabalha na articulação com legendas como União Brasil, MDB e PSD com o objetivo de formar uma base de sustentação capaz de “escantear” o ‘centrão’ e de eleger o presidente da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. E não fica só nas conversas de pé de orelha. Renan usa, mais uma vez, com habilidade sua influência na mídia nacional para desconstruir a tese de que um acordo com o centrão seria necessário ao novo governo.
Em entrevista ao O Globo, o senador diz que “Lula não pode cortejar quem flertou com o fascismo”.
Veja os principais trechos
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), um dos principais aliados de Lula no Congresso, criticou petistas que têm estudado a possibilidade de apoiar Arthur Lira (PP-AL) na reeleição à presidência da Câmara dos Deputados. Ele diz que o MDB se reunirá com parlamentares do União Brasil para debater uma frente para disputar as presidências do Senado e da Câmara.
— Vamos ter uma conversa de setores do MDB com setores do União Brasil. Esse modelo de frente é fácil de implementar. Já tem essa base toda do PT, União Brasil, MDB. Nós tínhamos que ter uma contrapartida (do governo eleito) todo mundo na Câmara, e não partir nesse primeiro momento para cortejar o Centrão, essa gente que flertou com o fascismo — disse ao GLOBO.
A ideia de abrir espaço no Orçamento com uma PEC da Transição, anunciada pelo PT, contrariou os interesses de emedebistas. Eles enxergam a proposta como um fortalecimento para Lira, já que seria votada ainda no governo Bolsonaro. O senador Renan Calheiros chamou a PEC de “barbeiragem” na semana passada.
Nesta quarta-feira, Arthur Lira se reunirá com o presidente Lula. Questionado sobre se espera ter o apoio de Lula na candidatura à presidência da Câmara, em que hoje é o candidato mais forte, Lira desconversou:
— É melhor perguntar para ele (Lula) — disse ao GLOBO.
Leia aqui a reportagem na íntegra: Governo Lula não pode cortejar quem flertou com o fascismo, diz Renan sobre aproximação com Lira
