Não dá para comparar pesquisas eleitorais de institutos diferentes, especialmente com amostragens, metodologias e períodos diversos.

As pesquisas, quando tecnicamente corretas, apontam tendências do eleitor no exato momento em que é feita.

Por isso não é possível comparar o resultado da primeira pesquisa de intenção de voto do Ipec (ex-Ibope) – com eleitores do estado divulgado nessa quinta-feira (01/09) – com o de nenhum outro instituto local ou nacional, incluindo Paraná, Ibrape e DataSensus.

Em comum, apesar de percentuais diferentes, esses institutos revelaram nas últimas três semanas estabilidade, com tendência de recuperação do candidato do União Brasil ao governo de Alagoas.

O senador Rodrigo Cunha, que já chegou a liderar as pesquisas com mais de 30 pontos, caindo para abaixo dos 15 pontos, aparece em segundo no Ipec, com 21%.

Na comparação com os demais institutos, o percentual representa de certa forma uma recuperação que pode é obra do acaso. Não mesmo.

A reação na campanha do senador se deve aparentemente ao envolvimento direto do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PSB).

O “efeito JHC” é inegável. A participação do prefeito, que passou um período um pouco mais afastado, “levantou” a campanha do candidato do União Brasil, criando um impacto semelhante ao anuncio do apoio do PL ao candidato do PTB ao governo, senador Fernando Collor.

Se isso será suficiente para manter Rodrigo Cunha no páreo ou se esse impacto se dissipará antes de 2 de outubro, saberemos nos próximos dias – ou melhor, nas próximas pesquisas.

Os institutos locais, o Ipec e o Paraná divulgam novos levantamentos nas próximas duas semanas. Dessa forma teremos uma base de comparação mais correta.

De concreto, Collor segue no jogo, cada vez mais alinhado com os bolsonaristas e tem pela frente o “7 de Setembro”. E para complicar ainda mais a vida de Cunha, Rui Palmeira mostrou também uma boa reação (falo disso em breve), embolando completamente a disputa.

Em meio a esse cenário, o prefeito parece determinado a ajudar o candidato do UB, ainda que isso possa lhe causar uma tremenda complicação política se ele, Rodrigo, não passar para o segundo turno.

Nos últimos dias, JHC entrou de cara na campanha de Cunha e estaria pronto até para tirar uma licença da prefeitura para “se dedicar” ao processo eleitoral. Claro que essa “manobra” pode levar Ronaldo Lessa (PDT), vice-prefeito de Maceió e candidato a vice-governador na chapa de Paulo Dantas a renunciar. Mas essa é outra história.