Política
Cientista política explica baixa representação feminina nas eleições em Alagoas
Pesquisadora diz que “Machismo não dá oportunidades iguais para mulheres na política”

Em um país de cultura predominantemente machista e de raízes patriarcais, a mulher parece ganhar, embora a passos curtos, mais espaço na política. Desde o início da República, em 1889, o país teve uma única presidente, Dilma Rousseff, e apenas 16 governadoras mulheres. Dessas, só oito foram eleitas para o cargo, as demais eram vice-governadoras que ocuparam o posto com a saída do titular.
De acordo com o IBGE, mais da metade da população brasileira (51,13%) é feminina, e elas representam, segundo Tribunal Superior Eleitoral, 53% do eleitorado. Em Alagoas, dos 467 candidatos que concorrerão nas eleições de 2022, 156 são do sexo feminino, o equivalente a 33,40%.
Essa fatia de candidatas alagoanas vem cada vez mais, representando classes diversas e específicas, buscando defender e proteger as minorias sociais. Buscando entender a participação feminina nas eleições, o Jornal de Alagoas entrevistou a cientista política Luciana Santana, professora na Universidade Federal de Alagoas e do PPGCP da UFPI, mestre e doutora em Ciência Política pela UFMG, o machismo e uma cultura ainda patriarcal não permitem que mulheres tenham oportunidades iguais na política, o que explica os números acima citados. Para ela, entretanto, as questões identitárias e de gênero não serão decisivas nas eleições, isso porque as pautas econômicas e sociais se sobressaem no difícil momento vivido no Brasil atualmente.
Confira a entrevista abaixo:
Como as questões de gênero podem influenciar as eleições esse ano, se influenciam. E as questões identitárias ?
A eleição desse anos não perpassa essas questões ao meu ver. Acredito que a questão central da eleição desse ano é a questão econômica, a situação de vida dos brasileiros, a situação social. Nos últimos anos a gente tem tido a ampliação das desigualdades sociais, maior concentração de renda, um país que voltou a configurar no mapa da pobreza, e isso precisa ser revertido, ou seja, precisamos de projetos que sejam direcionados para resolver o problema economico e social do país.
Em um outro aspecto, devemos focar na adesão aos princípios democráticos, na confiança nas intituições, confiança na democracia.
Portanto, não acredito que sejam pautas identitárias que irão definir as eleições deste ano. O que não significa que a gente não saiba que estas questões não entrem em pautas prioritárias de alguns candidatos.
Sobre a questão da representatividade feminina nos espaços políticos. Sabe-se que o eleitorado feminino é grande, porém ocupam poucos lugares na câmara e no congresso. Mas por que? Mulher não vota em mulher? nossa cultura patriarcal coronelista influencia?
O Brasil ainda tem uma cultura muito machista e patriarcal, ou seja, ele não dá a mesmas oportunidades para as mulheres de uma maneira em geral. Isso não é diferente na política. Fatores sociais influenciam, porque as mulheres precisa se subdividir em diversas funções o que se cria alguns obstáculos para sua inserção na política. Dentro dos partidos politicos, a mulher não encontra receptividade, empatia por parte dos filiados para que mais mulheres possam ocupar cargos estratégicos, sendo assim conhecidas. Isso dificulta para que elas sejam escolhidas para estar a frente de cargos importantes. Esse história de que mulher não vota em mulher é mito. Mesmo sendo a maioria votante no país, mesmo sendo as maiores usuárias de políticas publicas ainda há este distanciamento
No seu ponto de vista, quais são as perspectivas de participação eleitoral feminina para 2022?
A participação eleitoral das mulheres na política este ano será muito alta como sempre foi, pois o eleitorado feminino comparece mais às urnas, é majoritário no Brasil e mais ecolarizado. Espero que nesta eleição, elas possam efetivamente contribuir com uma decisão sensata em relação ao que a gente precisa em termo de país pra decidir nas urnas em outubro.
