Política

“Animado”: Collor quer usar experiência para dar uma “sacudidela” em AL

Numa entrevista exclusiva, Collor revelou o que pensa sobre Alagoas, falou sobre a polarização da política nacional que terá reflexos na política local e sobre as estratégias para vencer a eleição

Por Blog de Edivaldo Junior 23/06/2022 06h06
“Animado”: Collor quer usar experiência para dar uma “sacudidela” em AL
Collor - Foto: Assessoria

O ex-presidente da República, Fernando Collor é pré-candidato ao governo de Alagoas. Nas eleições deste ano “elle” desistiu de tentar a reeleição e vai entrar na disputa pelo Palácio dos Palmares num cenário que tem outros fortes pré-candidatos.

Numa entrevista exclusiva, Collor revelou o que pensa sobre Alagoas, falou sobre a polarização da política nacional que terá reflexos na política local e sobre as estratégias para vencer a eleição.

O senador também falou, especificamente do agro, trecho da entrevista que publico na próxima edição do suplemento Rural da Gazeta de Alagoas, no próximo sábado.

A íntegra da entrevista pode ser conferida em áudio (link ao final do texto).

Ao me receber, o ex-presidente, que já foi governador de Alagoas, disse que está “muito animado com essa nova perspectiva, de em oferecer meu nome a vontade da população alagoana de poder oferecer minha pré-candidatura ao governo do Estado”.

Para o pré-candidato a governador, “Alagoas precisa é de uma sacudidela, precisa respirar novos ares, ares de uma nova agenda, uma agenda pelo avanço e pela capacidade de inovação”

Confira os principais trechos da entrevista:


Edivaldo Junior – Presidente, eu lembro que o senhor foi governador de Alagoas, lá atrás, num momento em que tinha uma grande crise no Estado e deixou para ser presidente. O senhor lembra da Alagoas daquele momento para a Alagoas que o senhor espera encontrar se for eleito, acha que tem muitas diferenças?

Fernando Collor – Sim tem muitas diferenças, porque 30 anos atrás Alagoas vivia um outro cenário muito dependente da agroindústria do açúcar, nós não tínhamos uma diversificação no campo econômico. Tínhamos à época uma folha que excedia a arrecadação do Estado, tínhamos as figuras dos chamados marajás, que recebiam salários astronômicos e uma situação política conturbada. Então era o cenário daquele momento.

Hoje nós temos um momento diferente, com dificuldades econômicas sérias, temos problemas nas finanças do Estado, os números que venho recebendo acentuam esse sinal amarelo que já vem me norteando naquilo que deveremos fazer. Nós temos um Estado, como todos os outros, que vai enfrentar um processo muito difícil de ser superado do ponto de vista econômico pelas repercussões que estamos tendo da guerra na Rússia e Ucrânia, que sucede os problemas que estamos herdando da pandemia que encolheu as economias de todo o mundo e temos uma circunstância completamente diferente.

Mas acredito que é um momento em que posso oferecer minha experiência, minha maturidade, minha capacidade de inovar, de acreditar, de modernizar, de avançar sobre essas searas ainda não exploradas ma área econômica e social do Estado de Alagoas para nós podermos dizer, enfim que Alagoas é um Estado que está num crescimento sustentável.

EJ – Você foi governador e naquele período fez gestão marcante na reorganização administrativa do Estado. Você acha que hoje o Estado está organizado administrativamente. E esses gastos que a gente viu recentemente, com obras e aumentos de salários, o senhor acha que Alagoas pode ter dificuldades com isso?

FC – Pelos números que venho recebendo, preliminares, apontam nessa direção de que não é um Estado que esteja saudável financeiramente. Compromissos muito pesados foram assumidos, sobretudo com empréstimos que estão sendo alocados em áreas que não produzem o resultado para esses empréstimos sejam pagos. Dificuldades nessas questões de muitas obras que a gente coloca em dúvidas se realmente são prioritárias para o Estado. Acho que muito cimento e pouco sentimento. Acho que está faltando um olhar social, além de uma visão de futuro – do mesmo jeito que encontrei o Brasil fui presidente da República. Encontrei um Brasil acanhado, fechado em si mesmo, com receio de se abrir para o restante do mundo. Eu vejo Alagoas amarrada. Essas cordas do atraso na concepção do que seja um processo de desenvolvimento, de avanço social para Alagoas.

EJ – O senhor entra na campanha num momento que já tem vários pré-candidatos, nomes bem avaliados, a expectativa é que entre bem. Qual a estratégia para ir ao segundo turno ou ganhar a eleição no primeiro turno, como espera entrar nessa briga?

FC – Eu entro para mostrar a população alagoana do acerto da minha decisão em lançar minha pré-candidatura. Esse é o primeiro passo. Se a população reage, como estamos vendo pelas pesquisas que são apresentadas, mesmo antes de lançar a pré-candidatura, que vem mostrando uma simpatia pro essa iniciativa, pode se concluir que nós temos confiança de uma parcela importante dos alagoanos.

Daí para frente vão ser as propostas apresentadas pelos diversos candidatos ao governo do Estado, os debates que serão realizados e com isso a população poderá tomar sua decisão. Espero participar de uma campanha em que o nível esteja elevado, com propostas para a gente alagoana, os mais necessitados, como também do empresariado, da iniciativa privada, do setor produtivo, decidir que há um governo abrindo veredas para que possamos acreditar que Alagoas tem condições sim de se transformar num Estado avançado. Eu quando digo que vou fazer é porque já fiz.

Enfim, o que Alagoas precisa é de uma sacudidela, Alagoas precisa respirar novos ares, ares de uma nova agenda, uma agenda pelo avanço e pela capacidade de inovação que ela encarna; E se isso vem através de uma pessoa com experiência que eu tenho , muito melhores condições acredito eu, nós teremos de vencer.

EJ – Presidente, e a polarização, que é tão marcada nacionalmente, Bolsonaro x Lula, o senhor entra para montar o palanque de Bolsonaro. Deve lhe ajudar de um lado. O senhor também pode ajudar do outro. Isso na sua campanha vai ser bom em Alagoas, para o enfrentamento aqui?

FC – A polarização é evidente no país inteiro. Eu acredito que diferente de outras eleições presidenciais em que as lideranças estaduais tinham influência para a eleição do presidente, nesta eleição as candidaturas presidenciais terão influência nos Estados; Então a polarização entre Bolsonaro, que é meu candidato, e Lula, também está se verificando aqui em Alagoas. Dos candidatos aí postos, tem um candidato que claramente apoia o Bolsonaro que sou eu. E do lado do Lula temos um outro candidato que é o atual governador. Então é essa polarização que eu acredito vá se verificar aqui na eleição para o governo do Estado. Porque os outros candidatos postos, nenhum deles tem simpatia por nenhum dos dois. Então num processo de polarização tão vigoroso como esse que estamos vivenciando no Brasil e em Alagoas, acredito que todos os candidatos que estiverem no meio da polarização eles serão de alguma forma muito prejudicados, porque essa polarização vai forçar …

EJ – O senhor sentiu isso quando lançou seu nome?

FC – Muita gente que diz ‘ah, o Collor é Bolsonaro, então agora eu vou votar no Collor, porque ele é Bolsonaro, como também tem gente que fala, ah o Color vai votar no Bolsonaro então eu também vou votar no Bolsonaro, porque o Collor é Bolsonaro. Tem esse somatório. E acredito que o presidente Bolsonaro tem amplas chances de ganhar a eleição, porque vem realizando (embora mal comunicado, no sentido da mídia), vai ficar mais nítido no programa eleitoral gratuito.