Política

“As campanhas para deputado iludem mais do que esclarecem”

Basile avalia que será preciso explicar ao eleitor qual o verdadeiro papel de um deputado, para evitar que a população seja enganada

Por Blog do Edivaldo 24/05/2022 17h05 - Atualizado em 24/05/2022 17h05
“As campanhas para deputado iludem mais do que esclarecem”
Basile Christopoulos, pré-candidato a deputado estadual - Foto: Reprodução | Internet

Basile Georges Campos Christopoulos, 37 anos, ganhou notoriedade na política alagoana ao disputar – e bem – as eleições de governador em 2018. Teve 56.169 votos (4,34% dos válidos) concorrendo pelo PSOL, com pouco tempo de rádio e TV e uma campanha de baixo custo.

Doutor em Direito pela USP, graduado e mestre em direito pela UFAL, professor Basile deve passar pelo teste das urnas novamente este ano.

Ele é pré-candidato a deputado estadual. Agora filiado ao PT, aposta numa campanha focada no voto de opinião e no bom debate. Pela sua história, espera falar e ouvir muito com os eleitores. “Sou professor, sou doutor em direito, sou fruto da educação, da educação pública inclusive. Então não tem como ser diferente, será baseada em ouvir muito e discutir as questões centrais que afligem a sociedade alagoana, além de esclarecer a atuação do deputado”, diz em entrevista ao blog do Edivaldo Junior.

A proposta de Christopoulos é melhorar a produção legislativa da Assembleia Legislativa de Alagoas. E, a julgar pelo levantamento que fez, isso será necessário: “numa pesquisa rápida que realizei sobre a produção legislativa, em 2022, constatei que, e não foi surpresa para mim, mais de 80% das leis aprovadas foram para mudar nomes de espaços, conceder títulos de cidadãos honorários e declarar institutos como de utilidade pública. Isso não pode continuar, não pode ser a regra da atuação do legislativo alagoano”, desabafa.

Basile avalia que será preciso explicar ao eleitor qual o verdadeiro papel de um deputado, para evitar que a população seja enganada.

“A gente vê que as campanhas para deputado iludem mais do que esclarecem. Iludem no sentido de que a gente vê candidatos prometendo construção de escolas, de postos de saúde e por aí vai, pura demagogia. Este não é o papel do deputado, quero esclarecer a população e mostrar que é possível construir um legislativo comprometido com a população, apresentando e votando leis que impactem positivamente a realidade da nossa população, fiscalizando com independência a atuação do executivo e, claro, garantindo recursos no orçamento para o desenvolvimento de nossa terra, de nossa gente”, aponta.

Entrevista

Basile respondeu a vários questionamentos do blog do Edivaldo Junior. Confira a entrevista na íntegra

Você será candidato a estadual?

Sim, vejo que o trabalho da grande maioria dos nossos deputados deixa muito a desejar. Veja que coincidência: nesta quarta sai um vídeo no meu instagram sobre o papel do deputado estadual na lógica do estado democrático. Numa pesquisa rápida que realizei sobre a produção legislativa, em 2022, constatei que, e não foi surpresa para mim, mais de 80% das leis aprovadas foram para mudar nomes de espaços, conceder títulos de cidadãos honorários e declarar institutos como de utilidade pública. Isso não pode continuar, não pode ser a regra da atuação do legislativo alagoano. Precisamos trazer a sociedade alagoana para dentro do fazer parlamentar, precisamos discutir e realizar as leis para a Alagoas que sonhamos, mais inclusiva, menos desigual.

Como anda sua campanha?

Estamos nesse momento aglutinando apoiadores, ouvindo as pessoas que desejam uma Alagoas mais inclusiva e trabalhando nas redes sociais. Acredito que este momento é momento de ouvir o máximo de pessoas possíveis, e , claro, faremos em breve o lançamento da nossa pré-campanha.

Que estratégias para tentar conquistar um mandato?

Neste momento é um pouco da resposta anterior, até porque não há ainda a pré-candidatura lançada. Mas garanto que não faltará informação. Sou professor , sou doutor em direito, sou fruto da educação, da educação pública inclusive. Então não tem como ser diferente, será baseada em ouvir muito e discutir as questões centrais que afligem a sociedade alagoana, além de esclarecer a atuação do deputado. A gente vê que as campanhas para deputado iludem mais do que esclarecem. Iludem no sentido de que a gente vê candidatos prometendo construção de escolas, de postos de saúde e por aí vai, pura demagogia. Este não é o papel do deputado, quero esclarecer a população e mostrar que é possível construir um legislativo comprometido com a população, apresentando e votando leis que impactem positivamente a realidade da nossa população, fiscalizando com independência a atuação do executivo e, claro, garantindo recursos no orçamento para o desenvolvimento de nossa terra, de nossa gente.

E o chamado voto de opinião?

É a nossa atuação, é a nossa busca. Na realidade da política local a gente sabe como funciona a disputa, muitas vezes, nada republicana pelo voto dos nossos conterrâneos. Não é a minha prática, quem votou em mim em 2018, votou pela consciência, pelas propostas que apresentei, acredito que há cada vez mais espaço para a boa política, a política que conquista o eleitor pela mente e pelo coração, na base das propostas, da história. O eleitor precisa entender que quando ele vende o voto, ele está contribuindo para que as coisas continuem como estão. Não há comprometimento nem de quem comprou, nem de quem vendeu o voto. Acredito que as pessoas estão abertas para esse debate, o momento é bem mais favorável do que enfrentamos em 2018.

O momento do PT, com Lula na liderança, fortalece a sua campanha?

A população de Maceió e de Alagoas há de reconhecer quem sempre esteve do lado dos mais humildes, quem de fato transformou a vida dos brasileiros para melhor. Está muito fresco na mente da maioria a realidade de crescimento e prosperidade que vivemos nos governos do presidente Lula. É claro que estar ao lado de Lula é uma satisfação enorme, sempre estivemos do lado certo da história. Do lado da expansão da educação pública, do acesso dos trabalhadores rurais a terra para produzir os alimentos que chegam em nossa mesa, do fortalecimento do Sistema Única da Saúde. A liderança das pesquisas, sem dúvida, é um fato que nos traz alegria, mas longe de achar que o jogo está ganho. Será uma eleição dura, mas a população brasileira há de reconhecer o legado deixado pelo presidente Lula, esterei junto nessa jornada difícil, mas o futuro é de esperança, estou pronto para ajudar a reconstruir o país devastado por esse presidente que aí está.

Qual proposta de campanha, inclusive majoritária, que pode fortalecer a disputa proporcional?

Nós representamos e iremos representar a luta da educação pública, gratuita e de qualidade no parlamento estadual. Minha vida está muito ligada a academia, sou um homem forjado neste ambiente, então impossível não ter a educação como uma bandeira na minha atuação. Eu sei o poder transformador da educação, não só na minha vida como na de milhares de estudantes que pude acompanhar durante a graduação e pós-graduação em direito. Vou lutar na esfera estadual para fortalecermos cada dia mais as nossas universidades estaduais, elas precisam ser o motor do nosso desenvolvimento, além de investir cada vez mais nos nossos profissionais e na estrutura dos nossos equipamentos educacionais. Sou professor do curso de mestrado de direito da Ufal e da UFPB, tenho doutorado em direito constitucional pela Usp, então minha luta será sempre no campo do direito, da garantia dos direitos sociais, dos direitos humanos. O povo alagoano merece e há de se realizar esse projeto de educação que desejo e trabalho para construir. Agora mesmo o ataque a educação publica está em pleno andamento, o presidente da Câmara Federal conseguiu aprovar o projeto da educação domiciliar, não acredito que passe no Senado, mas isso revela o projeto desta turma. Não iremos permitir. Já as universidades federais passam por um processo de sucateamento, já tem gente deste governo sugerindo cobrança de mensalidades no ensino superior, isso é um absurdo sem tamanho. Cada vez menos verbas para as universidades públicas, mas essa realidade há de mudar a partir da eleição presidente Lula. Penso que a memória do povo em relação ao que foi feito nos governos do PT está sendo decisiva. A eleição que participei ajuda bastante, acredito que consegui fazer o bom debate, o debate das ideias e as pessoas ainda lembram, mas entendo que cada eleição guarda suas peculiaridades, uma eleição proporcional é muito diferente de uma eleição majoritária, mas me lembro bem a recepção do nosso povo, nosso povo é lutador e precisa ser representado por pessoas que estejam comprometidas a transformar para melhor a nossa realidade. Estou pronto para ser essa pessoa.