Política

Renan Calheiros pode virar peça chave em um eventual governo Lula

O senador alagoano disse que gostaria de ajudar Lula na articulação de seu governo

Por Redação* 17/05/2022 17h05
Renan Calheiros pode virar peça chave em um eventual governo Lula
Senador Renan Calheiros e o pré-candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Foto: Divulgação

Com as eleições para presidente da República se configurando novamente numa disputa entre o atual mandatário Jair Bolsonaro (PL) e o Partido dos Trabalhadores, que terá como candidato o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os personagens políticos vão se articulando e ganhando força no cenário eleitoral. 

Um dos principais articuladores é o senador por Alagoas, Renan Calheiros (MDB). Ele tem dito que vai lutar para que o Senado seja um contraponto à Câmara, que, em sua visão, teria se tornado bolsonarista sob o comando de Arthur Lira (PP-AL). Sua articulação em prol de Lula visa garantir poder na disputa que será travada no início de 2023, na renovação das direções da Câmara e do Senado.

O senador alagoano diz que não gostaria de ser de novo presidente do Senado, mas afirmou, em entrevista à revista VEJA que gostaria de ajudar Lula na articulação de seu governo, caso o petista seja eleito, o que poderia fazer também com um cargo de ministro. Quando questionado se gostaria de comandar um ministério, Renan desconversa, mas esse parece ser, por ora, o plano.

A única coisa certa é que o senador alagoano, se Lula vencer a eleição, estará de novo no centro do poder.

Momento atual

Com Jair Bolsonaro (PL) na Presidência, Renan foi parar na oposição e desistiu de uma quinta eleição para a presidência do Senado por falta de perspectiva de vitória, mas continuou protagonista como relator da CPI da Pandemia.

Agora, se prepara para voltar ao centro do poder, desta vez de mãos dadas com Lula, de quem já foi aliado durante os anos do petismo no poder e, mesmo votando a favor do impeachment de Dilma Rousseff, mas como presidente do Senado articulou para preservar os direitos políticos da ex-presidente.

Renan tem atuado nos bastidores para atrair apoios para a candidatura de Lula. Defensor entusiasmado da candidatura do petista, já procurou o ex-presidente Michel Temer e o ex-ministro Gilberto Kassab para tentar arrastar o MDB e o PSD para a aliança em torno de Lula ainda no primeiro turno.


Em paralelo à macropolítica, ele trava uma disputa particular com seu adversário político em terras alagoanas, o presidente da Câmara, com relação as eleições indiretas para governador tampão, realizadas neste domingo (15), e que culminou com a vitória do emedebista Paulo Dantas, representando uma vitória para os Calheiros .

O cargo  para governador havia ficado vago desde que Renan Filho (MDB) renunciou para disputar o Senado. Ele é favorito disparado para se juntar ao pai nem 2023.

O grupo de Lira foi à Justiça, junto com o PSB, do atual prefeito da capital alagoana, JHC, para barrar a eleição alegando irregularidades no processo e conseguiu uma liminar no Supremo Tribunal Federal adiando a votação. Renan diz que o único objetivo de Lira é atrasar a posse de Dantas, que a partir de julho, por conta da lei eleitoral, não poderá inaugurar obras feitas na gestão de Renan Filho.

Percurso

Renan Calheiros conhece os atalhos do poder em Brasília. Aos 34 anos, ele já era um dos principais articuladores da candidatura de Fernando Collor de Mello, que fez do ex-governador alagoano o primeiro presidente eleito pelo voto direto após o fim da ditadura militar.

Já deputado federal de segundo mandato, tornou-se líder de Collor na Câmara dos Deputados e foi um dos articuladores da aprovação do pacote de medidas conhecido como Plano Collor. Rompeu e deixou o governo em 1990 após ser derrotado na eleição para o governo de Alagoas.

Em 1994, já no MDB conquistou o primeiro dos seus quatro mandatos de senador. No Senado, foi o presidente também por quatro vezes, o que fez dele um dos principais caciques de Brasília. Nesse período, ainda foi ministro da Justiça do governo FHC entre 1998 e 1999.

Com informações da Revista Veja