Política
Renan pede ao STF suspensão do orçamento secreto de Arthur Lira
Para o senador alagoano, a liberação de recursos para um grupo seleto de parlamentares pode desbalancear a disputa eleitoral

Na noite dessa quinta-feira (24), o senador Renan Calheiros (MDB-AL) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão do Orçamento Secreto de R$ 16 bilhões, controlado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).
A ação é um mandado de segurança em caráter de urgência ao Supremo Tribunal Federal (STF), com pedidos para que os ministros suspendam imediatamente a execução das emendas de relator-geral do orçamento (RP-9) — o dispositivo legal utilizado para operar o orçamento secreto.
A justificativa para o pedido foi “o risco irreparável” de interferência nas eleições deste ano. Segundo ele, a liberação de recursos para um grupo seleto de parlamentares pode desbalancear a disputa eleitora.
Renan pediu ao presidente do Supremo, Luiz Fux, que suspenda a execução das emendas até o fim da disputa, em outubro, ou até o julgamento do mérito de seu pedido. Para o senador, o orçamento secreto será usado “de forma espúria para beneficiar candidatos ligados ou cooptados pela política do atual governo, pelo presidente da Câmara”.
No documento, Renan argumenta que “os procedimentos próprios do ‘orçamento secreto’ privilegia (sic) incontáveis candidatos a cargos eletivos no sufrágio deste ano, em detrimento de outros, concorrentes ou não”. Para ele, o dispositivo se enquadra nos crimes eleitorais de abuso de poder político e econômico, assim como o de intenção de desequilibrar a disputa eleitoral, de maneira irregular, oculta e dissimulada.
Renan afirma ainda que, caso o Supremo não haja para secar a fonte de repasses do esquema que dá sustentação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, “o Poder Judiciário permitirá a distribuição desigual e pessoal de emendas e recursos e, por conseguinte, a disputa não equitativa dos cargos eletivos no próximo sufrágio”.
O senador disse à Corte que com o orçamento secreto “verifica-se grave risco à legitimidade das eleições, influência direta do poder econômico, flagrante abuso do exercício das funções, dos cargos e dos empregos na administração direta – exatamente o caso presente e os atos coatores praticados pelas autoridades impetradas”.
A vice-presidente do Supremo, Rosa Weber, chegou a suspender a execução do orçamento secreto e ter a sua decisão referendada pelos demais ministros, mas recuou após sofrer pressão dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (Progressista-AL). No segundo julgamento do caso no plenário da Corte, em dezembro passado, a maioria dos ministros mudou seus votos para liberar os repasses do esquema, exigindo como contrapartida que os parlamentares dessem transparência, em até nove dias, aos responsáveis pelas indicações e ao destino do dinheiro, o que ainda não foi feito.
Na quarta-feira (23), Pacheco ordenou que os parlamentares do Congresso revelem em até dez dias as indicações de emendas realizadas, entre 2020 e 2021, por meio do orçamento secreto. Em ofício de urgência, o senador explicou que a medida será necessária por causa do esgotamento do prazo de noventa dias fixado pelo Supremo para que fosse dada ampla publicidade aos repasses.
