Um levantamento divulgado pela Transparência Internacional na madrugada desta terça-feira (25) apontou que o Brasil caiu duas posições no ranking mundial da corrupção. A pesquisa analisou 180 países e colocou o Brasil na 96ª colocação no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) em 2021, duas posições abaixo do ano anterior, quando estava na 94ª posição.

O desempenho do Brasil ficou abaixo da média global, que utiliza a escala de 0 a 100 e aponta 43 pontos como sendo a média mundial. O Brasil conquistou 38 pontos, - a terceira pior nota da série histórica e a mesma pontuação alcançada na edição anterior. A média também está inferior aos números dos países da America Latina e Caribe (41 pontos) e das nações que integram o G20 (66 pontos).

Segundo a Transparência Internacional, o Brasil está "estagnado em um patamar muito ruim em relação à percepção da corrupção no setor público" e é afirmado que as ações do governo federal, do Congresso Nacional e do Judiciário "levaram a retrocessos no arcabouço legal e institucional anticorrupção do país".

Bruno Brandão, o diretor executivo da Transparência Internacional – Brasil, acredita que o país passa por um rápido processo de deterioração do ambiente democrático.

"São marcos legais e institucionais que o país levou décadas para construir. Isso traz consequências ainda mais graves por ocorrer em meio à pandemia da Covid-19, quando a transparência e o controle dos recursos públicos deveriam ser priorizados para garantir seu bom uso frente à tragédia humanitária", conta.

A organização destacou ainda que vem denunciando com frequência o enfraquecimento do combate à corrupção, diante das falas antidemocráticas do presidente Jair Bolsonaro. A Transparência Internacional também destaca as investigações realizadas pela CPI da Covid e as relações criadas entre o governo federal e o Congresso por meio do chamado orçamento secreto.

Outro ponto apontado pela entidade é o fato de que a falha no combate à corrupção prejudica os direitos humanos nos países.

"A corrupção é indutora de violações e ativa um ciclo vicioso no qual os direitos e liberdades são erodidos, a democracia perde fôlego e o autoritarismo ganha espaço", diz Nicole Verillo, gerente de Apoio e Incidência Anticorrupção da Transparência Internacional - Brasil.

"Portanto, a luta contra a corrupção não é um mero detalhe quando se fala em direitos humanos. É uma luta imperativa para garantir direitos", finalizou.