Política
O “impasse” que pode levar ao rompimento de Renan Filho e Marcelo Victor
Segundo o jornalista Edivaldo Júnior, o governador pode se desentender com o presidente da ALE sobre o governador "tampão"

Numa leitura mais rasa, é apenas uma questão de prazo. Da data que o governador Renan Filho (MDB-AL) vai deixar – se deixar – o governo para disputar mandato de senador em 22. Mas o simbolismo e interesses vão muito além.
Se deixar o governo (o que antes era dado como certo volta a ser permeado de dúvidas) Renan Filho pretende fazer isso no último dia do prazo legal, 2 de abril.
E esse é o impasse. Nesse caso quem deve assumir como governador “tampinho” por 30 dias é o presidente do TJAL, desembargador Kleber Loureiro e não o presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Marcelo Victor (SD-AL).
Explico. Se assumir depois de 2 de abril, MV torna-se inelegível para qualquer cargo, exceto o de governador. E como se sabe quem deve ser eleito como “tampão” será o deputado estadual Paulo Dantas.
Como já foi explicado anteriormente, a eleição do governador tampão ocorrerá em 30 dias após a vacância do cargo. Nem um dia antes ou depois.
Pode parecer pouco. Mas um mês faz diferença. A começar pela “leitura” dominante entre os deputados estaduais, de que Renan Filho terá a opção de fazer ou não um “gesto” ao parlamento.
A tradução é a seguinte: o governador irá escolher a quem entrega o cargo. Ou a Marcelo Victor ou ao Judiciário. Isso seria um indicador do interesse dele em fechar ou não aliança com o grupo de deputados estaduais.
Outro ponto importante para o grupo de MV seria a “transição”. Nos 30 dias como “tampinho”, Victor poderia preparar o terreno para o governador tampão, que já assumiria com tudo pronto, sem necessidade de perder mais tempo com montagem de equipe ou ajustes administrativos.
Cada dia fará, de fato diferença. Para o grupo de MV o interesse é ter a “caneta na mão”. E usá-la com todo seu peso numa eventual campanha de reeleição. Para RF, o tempo pode ajudar a ampliar suas bases e, principalmente, a tentar avançar na execução de obras e ações que podem fortalecer sua imagem junto ao eleitor.
Só há um probleminha em torno desse impasse. Não existe espaço vazio em política. Enquanto Renan Filho e Marcelo Victor não se entenderem de fato e de direito, vão continuar abrindo espaço para o senador Rodrigo Cunha ou outro nome da oposição.
Setores palacianos ainda não levam a candidatura de Cunha a sério. O que pode ser um grande erro. O mesmo cometido em relação a JHC em Maceió. Mas essa é outra história.
