Política

Projeto na Câmara deve tirar opção de transporte de 2,9 milhões de pessoas

PL pode eliminar até 180 mil empregos ao cancelar autorizações de linhas em funcionamento e ao criar barreiras à entrada de novos operadores

Por Redação com Metrópoles 14/12/2021 16h04 - Atualizado em 14/12/2021 16h04
Projeto na Câmara deve tirar opção de transporte de 2,9 milhões de pessoas
O projeto de lei 3819/2020 simplesmente quer anular essas autorizações e deixar a população desassistida. - Foto: Divulgação

Entrou em pauta o projeto de lei vindo do Senado que fecha o mercado de viagens rodoviárias e impede a entrada de novas empresas. O PL 3819/2020, de autoria do senador Marcos Rogério (DEM-RO), vai beneficiar diretamente as empresas de ônibus que detêm há décadas o monopólio do setor.

Desde que a abertura de mercado se iniciou, devido a lei aprovada em 2014, 14 mil novas linhas interestaduais de ônibus foram concedidas a empresas que não estavam antes no mercado, e 480 cidades passaram a ser atendidas pelo transporte interestadual oficial, com ônibus autorizados e seguindo as regras de segurança estabelecidas pela ANTT (Agência Nacional do Transporte Terrestre).

Uma das consequências é o apagão rodoviário da abertura de mercado, que conta ainda com a chegada de plataformas tecnológicas que trazem opção ao consumidor. Dessa forma, houve uma redução do preço da viagem rodoviária que pode chegar a 60% do valor cobrado anteriormente pelas empresas tradicionais.

O texto foi aprovado no senado, tendo como relator da matéria Acir Gurgacz (PDT-RO), proprietário de duas empresas de ônibus, Eucatur e Solimões, viações que atuam no norte do país. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tido como um dos padrinhos do projeto, também é de família que atua no setor: as viações Real e Santa Rita são, atualmente, administradas pelo pai do senador.

A expectativa é que o projeto elimine até 180 mil empregos diretos ao cancelar as autorizações das linhas já em funcionamento e ao criar barreiras à entrada de novos operadores, principalmente pequenas e médias empresas, devido à exigência de capital social mínimo de R$ 2 milhões.

Atualmente, o mercado de transporte rodoviário no Brasil é concentrado na mão de grandes viações, que há décadas buscam blindar esse oligopólio, dificultando o ingresso de novas empresas. Mais de 60% das linhas são atendidas por apenas uma empresa. A falta de concorrência resulta em serviços de má qualidade e preços altos.