Política

“A Polícia Federal não tem competência para indiciar um senador”, diz Renan

Relator foi indiciado depois de citar Polícia Federal na CPI da pandemia

Por Redação com Blog do Edivaldo Júnior 04/07/2021 12h12 - Atualizado em 05/07/2021 07h07
“A Polícia Federal não tem competência para indiciar um senador”, diz Renan
Senador Renan Calheiros - Foto: Reuters

A Polícia Federal indiciou o senador Renan Calheiros (MDB-AL), na quinta-feira (1), sob a suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O relatório foi enviado ao Supremo Tribunal Federal na sexta-feira (2) e veio a público neste sábado (3).

O caso ganhou forte repercussão na mídia nacional, especialmente porque o indiciamento aconteceu no mesmo dia que Renan Calheiros, relator da CPI da Pandemia no Senado, citou a Polícia Federal.

Na CPI, Renan disse que houve uma “eloquente utilização da instituição da Polícia Federal”, quando abriu uma investigação contra o empresário Francisco Maximiano, um dos sócios da Precisa Medicamentos, alvo da CPI.

Segundo Renan, a medida permitiu que o sócio da empresa recebesse um habeas corpus liberando-o para ficar em silêncio.

“É uma surpresa que justamente agora, quando a PF, instituição de Estado, abre a investigação sobre a Precisa para facilitar habeas corpus do vendedor da vacina da propina e garantir seu silêncio na CPI, tentem essa retaliação. Mas não irei me intimidar. Os culpados pelas mortes, pelo atraso das vacinas, pela cloroquina e pela propina irão pagar”, disse Renan, em nota divulgada à imprensa.

Futuro da CPI

Com o avanço das investigações, a CPI tem sido posta a prova. A tentativa de implantação de “fakes”, como no caso do áudio do deputado federal Luiz Miranda (DEM-DF) deve ser entendida como uma “mensagem”. A CPI contraria interesses poderosos na economia e na política. Por isso vem sendo atacada mesmo antes de sua instalação.

O “indiciamento” de Renan Calheiros nesse momento pode ser mera coincidência – ou não. Pelo sim, pelo não, o melhor mesmo para os integrantes da CPI é redobrar os cuidados.

Investigação

Segundo as investigações encaminhadas ao STF, Renan teria ocultado e dissimulado a origem de R$ 1 milhão, em 2012, recebido do Grupo Odebrecht. Ainda segundo a PF, o senador teria recebido a quantia em troca de apoio político para a aprovação de um projeto de lei que beneficiou a empresa.

O relatório será encaminhado à PGR (Procuradoria-Geral da República), que decidirá se apresentará denúncia contra o parlamentar.

A PF informou que o relatório foi entregue no prazo estabelecido pelo ministro do STF Edson Fachin, relator do caso. Segundo a PF, a Odebrecht favoreceu-se do projeto apoiado por Renan, na medida em que limitou a capacidade dos estados para concessão de benefícios fiscais a produtos importados.

O inquérito foi aberto pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), em abril de 2017 a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e com base na delação premiada de ex-executivos do grupo Odebrecht.

Nota do senador Renan Calheiros

O senador enviou a jornalistas uma nota, se dizendo surpreso com a decisão da Polícia Federal. Veja:

“A Polícia Federal não tem competência para indiciar senador. Apenas o STF. Essa investigação está aberta desde março de 2017 e como não encontraram prova alguma, pediram prorrogação.

Estou surpreso que justamente agora, quando a PF, instituição de Estado, abre investigação sobre a Precisa para facilitar Habeas Corpus do vendedor da vacina da propina e garantir seu silêncio na CPI. Mas não irei me intimidar. Os culpados pelas mortes, pelo atraso das vacinas, pela cloroquina e pela propina irão pagar”.