Polícia
Governador afasta secretário da Saúde e cria comissão para acompanhar investigação da PF
Medida busca garantir apuração independente após operação que apura suspeitas de corrupção e desvios no SUS
O governador de Alagoas, Paulo Dantas, determinou o afastamento do secretário de Estado da Saúde pelo prazo de 180 dias e anunciou a criação de uma comissão especial para acompanhar as investigações que apuram denúncias consideradas graves no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
A decisão foi tomada após o governo ser oficialmente comunicado sobre a operação deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (16).
Em nota oficial, o Executivo estadual informou que o afastamento integra as medidas adotadas durante o curso das investigações e tem como objetivo assegurar que a apuração ocorra de forma técnica, completa e independente, sem qualquer tipo de interferência.
Além do afastamento, Paulo Dantas determinou a criação de uma comissão especial formada pelo secretário-chefe do Gabinete Civil, pela Controladoria-Geral do Estado (CGE) e pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE). O grupo terá a atribuição de acompanhar os trabalhos investigativos, colaborar com os órgãos responsáveis e prestar todas as informações necessárias, garantindo o respeito ao devido processo legal, ao contraditório e à presunção de inocência.
O Governo de Alagoas reforçou que não compactua com irregularidades, especialmente quando envolvem recursos públicos destinados à saúde, e afirmou que a orientação é de colaboração total e transparente com a Polícia Federal, o Ministério Público e demais órgãos de controle e fiscalização.
Ainda segundo o Executivo, os serviços da Sesau seguem funcionando normalmente, sem prejuízo à assistência à população. Todas as unidades e programas permanecem em operação, com acompanhamento rigoroso do governo.
A operação da Polícia Federal, denominada Estágio IV, investiga suspeitas de desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro no sistema de saúde estadual. Ao todo, foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares como a suspensão do exercício de função pública por 180 dias, determinadas pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5).

A Justiça também autorizou o sequestro de bens de alto valor, como veículos e imóveis. A ação contou com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), da Receita Federal e do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), mobilizando 170 policiais federais e 26 auditores. Os mandados foram cumpridos em Alagoas, Pernambuco e no Distrito Federal.
Segundo a Polícia Federal, as investigações apontam indícios de favorecimento ilícito em contratos emergenciais firmados pela Sesau entre 2023 e 2025 com duas empresas, que somam quase R$ 100 milhões. O inquérito também apura o desvio de mais de R$ 18 milhões em recursos do SUS, por meio de ressarcimentos supostamente superdimensionados de consultas e procedimentos médicos que não teriam sido realizados, incluindo pagamentos incompatíveis com a capacidade operacional de clínicas privadas investigadas.


