Polícia

Família de alagoano morto por PMs em São Paulo ainda espera traslado do corpo

Quatro meses depois da execução, corpo de Jeferson de Souza continua no IML de São Paulo; policiais permanecem presos

Por Redação* 23/10/2025 12h12
Família de alagoano morto por PMs em São Paulo ainda espera traslado do corpo
Jeferson de Souza e a irmã, Micaele Souza - Foto: Reprodução/TV Pajuçara

Quatro meses após a morte de Jeferson de Souza, alagoano em situação de rua, a família continua aguardando a liberação do corpo para que seja levado a Craíbas, no interior de Alagoas, onde ocorrerá o sepultamento. A espera, marcada pela dor e pela ausência de respostas, tem causado grande angústia aos familiares, principalmente à irmã Micaele Souza, que tem feito apelos públicos pela resolução do caso.

Imagens das câmeras corporais dos policiais militares revelaram que Jeferson foi executado sob o Viaduto 25 de Março, no dia 13 de junho, durante ação da Força Tática. Na ocasião, a Polícia Militar afirmou que ele teria tentado tomar a arma de um dos agentes, versão desmentida pelas gravações, que mostraram a violência da abordagem; assista ao vídeo:

A Justiça determinou que o Governo de São Paulo fosse responsável pelo traslado até Craíbas. No entanto, a decisão judicial ainda não foi cumprida, e o corpo permanece no IML da capital paulista. 

Em desabafo emocionado, Micaele afirmou: “O corpo do meu irmão infelizmente se encontra no IML, não sei mais o que fazer. A verdade é que já estou perdendo as esperanças. Tudo o que eu mais queria era dar um enterro digno ao meu irmão. Espero que através desse vídeo toque no coração de vocês e consigam mandar o corpo dele. É doloroso para a família, só a gente sabe o que estamos passando. São quatro meses, não são quatro dias. Saber que tiraram a vida dele de uma forma tão brutal, quanto tempo mais teremos que esperar? A cada dia que passa, a ferida cresce mais e a gente sem poder dar um enterro digno ao meu irmão”.

Segundo a investigação, os policiais, um tenente e um soldado, alegaram que Jeferson teria tentado tomar a arma de um dos agentes, justificando os disparos. Entretanto, as imagens mostraram que ele estava desarmado, acuado e chorando, com as mãos para trás, quando foi atingido por três tiros de fuzil, na cabeça, tórax e braço.

Antes da execução, Jeferson foi levado para trás de uma pilastra, onde permaneceu sentado e foi interrogado. Em determinado momento, o soldado encobriu a lente da câmera corporal, e segundos depois a vítima já aparecia sem vida, contrariando totalmente a versão apresentada pelos PMs.

Desde julho, os dois agentes estão presos no Presídio Militar Romão Gomes e respondem por homicídio doloso, falsidade ideológica e obstrução de Justiça. Segundo o Ministério Público, o crime foi cometido com “motivo torpe” e demonstrou “absoluto desprezo pelo ser humano e pela condição da vítima, pessoa em situação de vulnerabilidade social”.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo classificou o episódio como “inaceitável” e “vergonhoso”, e a Corregedoria da PM segue acompanhando o caso.

*Com informações do TNH1