Polícia

Ministério dos Direitos Humanos acompanha caso de invasão a terreiro de Alagoas

Órgão reafirmou compromisso com enfrentamento do racismo religioso e monitoramento auxilia na criação de políticas públicas sobre o tema

Por Vinícius Rocha 04/04/2023 13h01
Ministério dos Direitos Humanos acompanha caso de invasão a terreiro de Alagoas
Silvio Almeida - Ministro dos Direitos Humanos - Foto: Reprodução

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH), confirmou ao Jornal de Alagoas, que está acompanhando e monitorando o andamento do caso de invasão do terreiro Abassá Angola por policiais militares, além da agressão e tortura ao filho da Ialorixá da casa, no início do mês março.

A Diretoria de Promoção dos Direitos Humanos (DPDH –SNDH/MDHC), afirmou que tomou conhecimento do caso já no dia 4, dois dias depois do ocorrido, por meio da imprensa, e que diante das potenciais violações à liberdade religiosa e de crença relacionadas ao caso entrou em contato com o Instituto do Negro de Alagoas (Ineg-AL), que denunciou a invasão, no dia 7 de março.

“Em diálogo inicial obtemos informações com o objetivo de realizar uma escuta atenta do Terreiro Abassá Angola sobre o ocorrido”, afirmou, em comunicado enviado ao JAL, o MDH.

O acompanhamento de casos de intolerância religiosa, segundo o próprio ministério viabiliza insumos para a construção de políticas de enfrentamento ao racismo religioso no país.

A DPDH reafirmou o compromisso com a defesa da liberdade religiosa e sua atuação no combate ao racismo estrutural. “Assim, a DPDH – SNDH/MDHC, ao estabelecer diálogo constante com a sociedade civil e com os diversos órgãos governamentais, em especial em casos de potenciais violações, também viabiliza insumos para a construção de diretrizes políticas de maneira transversal, interseccional e atentas ao enfrentamento ao racismo religioso no país”.

O caso

No dia 2 de março deste ano, policiais militares alagoanos invadiram o terreiro Abassá Angola, localizado no Conjunto Otacílio Holanda, na Cidade Universitária, em Maceió. A casa foi fundada por Mãe Vera, uma das principais líderes religiosas de Alagoas e que faleceu em setembro de 2022.

Pedro Gomes, advogado do INEG, relatou que o neto sanguíneo de mãe vera e filho da atual ialorixá da casa, Jeane Yara, de 18 anos, foi abordado pelos policiais e interrogado sobre a existência de drogas e a localidade da "boca de fumo" da região. Após não obterem respostas, os policiais invadiram, sem mandado de busca e apreensão, o terreiro.

Os policiais levaram o jovem para uma casa abandonada no mesmo bairro. Lá, foi iniciada uma sessão de espancamento e tortura. As ameaças prosseguiram, além do espancamento. Até que, segundo Jeane Yara, em entrevista à Mídia Caeté, o rapaz foi colocado de volta dentro da viatura, e os militares determinaram que indicasse o lugar que morava.

“Quando chegaram, já perguntaram ‘você mora nessa casa de macumbeiro?’. Foi daí que quebraram a porta improvisada de madeira, porque estávamos em reforma, quebraram as correntes, mexeram na mesa da Jurema, vasculharam tudo”, disse. “Não tiraram meu filho da viatura e depois voltaram para essa casinha com ele para uma novo espancamento”, conta.