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PF prende filho do “Careca do INSS” e ex-número dois da Previdência por fraude bilionária

Nova fase da Operação Sem Desconto cumpre 16 prisões e 52 mandados de busca em sete estados e no DF

Por Redação com agências 18/12/2025 10h10
PF prende filho do “Careca do INSS” e ex-número dois da Previdência por fraude bilionária
A fraude foi revelada pelo portal Metrópoles. - Foto: Reprodução

A Polícia Federal prendeu, nesta quinta-feira (18), Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, durante mais uma fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema nacional de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A fraude foi revelada pelo portal Metrópoles.

Outro alvo de destaque é Aldroaldo Portal, então secretário-executivo do Ministério da Previdência. Ele foi exonerado do cargo por determinação do ministro Wolney Queiroz e cumprirá prisão domiciliar. A PF também executa mandados de busca contra o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e um assessor parlamentar.

Segundo a Polícia Federal, a organização criminosa atuava de forma estruturada, com divisão de tarefas que incluía a captação irregular de dados de beneficiários, inserção de informações falsas nos sistemas oficiais e ocultação dos valores desviados.

As medidas foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Outro investigado é o advogado Eric Douglas Martins Fidelis, filho de André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS em 2023 e 2024, já preso em fase anterior da operação. Contra Eric, foram expedidos mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão.

No total, a operação cumpre 16 mandados de prisão preventiva, 52 de busca e apreensão e outras medidas cautelares nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão e no Distrito Federal. A ação é realizada em conjunto pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Exoneração

Após tomar conhecimento das acusações, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, determinou a exoneração de Aldroaldo Portal. Em nota, o Ministério da Previdência e o INSS afirmaram que continuarão colaborando com as investigações e atuando para recuperar os recursos desviados. O procurador federal Felipe Cavalcante e Silva assumiu a função de secretário-executivo da pasta.

“Farra do INSS”

O esquema ficou conhecido como “Farra do INSS” após reportagens do Metrópoles, publicadas em dezembro de 2023, revelarem um aumento abrupto nas arrecadações de associações que aplicavam descontos indevidos em benefícios previdenciários — valor que chegou a R$ 2 bilhões em apenas um ano.

As entidades envolvidas acumulavam milhares de ações judiciais por filiações fraudulentas. As revelações motivaram a abertura de inquérito da PF e investigações da CGU. Ao todo, 38 reportagens do Metrópoles foram citadas na representação que deu origem à operação.

Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, está preso desde setembro e é apontado como um dos principais operadores do esquema, que descontava mensalmente valores de aposentados e pensionistas sem autorização. Segundo as investigações, os beneficiários eram vinculados automaticamente a associações que alegavam oferecer serviços como assistência jurídica e convênios médicos, mas não possuíam estrutura mínima para atendimento.

Ao menos 11 associações tiveram contratos suspensos, e os descontos foram interrompidos.

Crise política e ressarcimento

O escândalo provocou uma crise no governo federal e levou à demissão do então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT). Em julho, o governo anunciou a devolução dos valores descontados indevidamente, em parcela única. O prazo para contestação foi prorrogado até 14 de fevereiro de 2026.