O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, durante audiência de custódia neste domingo (23), que sofreu um “surto” provocado por medicamentos. A explicação foi dada após a Polícia Federal apontar tentativa de violação da tornozeleira eletrônica. Ele negou qualquer intenção de fuga. 

Mesmo com o relato, a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes foi mantida e homologada. Bolsonaro está detido desde sábado (22), quando sua prisão domiciliar foi convertida em preventiva. O episódio ocorreu após danos no equipamento, compatíveis com uso de um ferro de solda. 

A audiência foi conduzida por videoconferência por um juiz auxiliar do gabinete de Moraes. Segundo relatos, Bolsonaro demonstrava abatimento durante a sessão, que analisou a legalidade da prisão e eventuais irregularidades no cumprimento da ordem judicial. 

Investigadores afirmaram à CNN que ele atribuiu o comportamento aos efeitos de remédios. A defesa do ex-presidente acompanhou a audiência, assim como um representante do Ministério Público Federal. Os detalhes devem constar na ata, que será divulgada ao fim do procedimento. 

Bolsonaro está na Superintendência da Polícia Federal em Brasília desde a madrugada de sábado. A decisão pela prisão preventiva ocorre no âmbito de uma investigação sigilosa que tramita no Supremo Tribunal Federal. Moraes citou risco de fuga e ações que poderiam tumultuar a fiscalização policial. 

A PF reforçou que o alerta da tornozeleira foi disparado às 00h07, indicando violação. O equipamento apresentava queimaduras e sinais de avaria. A análise da equipe técnica descartou a versão inicial de que o aparelho teria batido em uma escada, apontando danos compatíveis com calor intenso. 

Neste domingo, Bolsonaro recebeu autorização para receber a visita da esposa, Michelle Bolsonaro. O encontro foi marcado para ocorrer entre 15h e 17h, nas dependências da própria PF. A autorização foi considerada parte dos direitos básicos garantidos em situação de prisão preventiva. 

A defesa promete recorrer da decisão e insiste na tese de que o ex-presidente atravessava um quadro emocional instável. O caso segue sob sigilo no STF, e novos desdobramentos são aguardados para esta semana, quando a Corte deve analisar pedidos apresentados pelos advogados.

Com agências.