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Nordeste sofre com branqueamento de corais; Maragogi é destaque no relatório de 2024

Recifes da região enfrentam perdas severas devido à onda de calor intensificada pelo El Niño

Por Esther Barros 01/01/2025 07h07
Nordeste sofre com branqueamento de corais; Maragogi é destaque no relatório de 2024
. - Foto: Reprodução

O balanço anual de 2024 do projeto Coral Vivo, divulgado nesta segunda-feira (30), revelou que o Nordeste brasileiro foi a região mais afetada pelo segundo grande episódio de branqueamento de corais registrado no país. Entre os locais mais impactados, destaca-se Maragogi (AL), conhecida por suas piscinas naturais e biodiversidade marinha, além de Natal (RN) e Salvador (BA).

O fenômeno, associado à forte onda de calor causada pelo El Niño, resultou em alta mortalidade nos recifes da região, com prejuízos ambientais e econômicos significativos. O branqueamento ocorre quando os corais, sob estresse térmico, expulsam as zooxantelas, microorganismos responsáveis por sua nutrição e coloração, levando muitos deles à morte.

Impactos no Nordeste

De acordo com o relatório, a mortalidade foi mais severa no litoral norte do Nordeste, onde a onda de calor foi mais intensa e prolongada. Maragogi, um dos destinos turísticos mais procurados da região, sofreu perdas consideráveis, o que pode comprometer não apenas o ecossistema marinho, mas também a economia local, fortemente dependente do turismo e da pesca.

“No Nordeste, os recifes desempenham um papel crucial para a proteção costeira e a subsistência de comunidades inteiras. A degradação desses ecossistemas é uma ameaça direta à biodiversidade e à economia regional”, alertam os pesquisadores.

Espécies mais afetadas

Entre as espécies mais impactadas estão o coral-de-fogo (Millepora alcicornis) e o coral-vela (Mussismilia harttii), este último encontrado exclusivamente no Brasil e já classificado como ameaçado de extinção.

Ações urgentes

O relatório do Coral Vivo reforça a necessidade de políticas públicas e medidas de conservação para mitigar os impactos das mudanças climáticas e proteger os recifes do Nordeste. Maragogi, em especial, foi citada como um ponto estratégico que demanda atenção prioritária devido à sua relevância ambiental e econômica.

Criado a partir de estudos iniciados em 1996 no Museu Nacional da UFRJ, o projeto Coral Vivo segue monitorando 18 pontos da costa brasileira e atuando na busca por soluções para preservar os recifes, fundamentais para a biodiversidade marinha e a sustentabilidade das comunidades costeiras.