O que você faria se, em meio a uma pandemia que já matou quase 3 mil alagoanos, ficasse sem sua casa e seu comércio? Para o Edivaldo dos Santos Silva, que morava num barraco no Vale do Reginaldo, em Maceió, a sensação é de desespero e de revolta. "Eu vou passar fome", acredita. A frase choca, mas é a realidade das 100 pessoas que tiveram que deixar seus barracos na última terça-feira (23).

A ordem de demolição já havia sido anunciada pela Prefeitura de Maceió, na semana passada, e nesta semana ação dos fiscais botou abaixo 40 construções irregulares para dar prosseguimento às obras de trânsito e reurbanização no Vale do Reginaldo. Seu Edivaldo contou que, no local, ele e a esposa dividiam o barraco, onde moravam e realizavam comércio, um bar que era sua fonte de renda. "Aqui era meu ganha pão. Eu dependia disso aqui. Tem outro ambulante do outro lado. Todos os meus amigos estão aqui", explicou.

Até a terça-feira (23), quando a ação foi realizada pela Prefeitura, nenhum tipo de assistência social havia chegado para os moradores. Ainda no dia da ação, em entrevista à TV Gazeta, o secretário municipal de Governo, Francisco Sales, tentou contornar a situação após o protesto realizado na ladeira Geraldo de Melo. "A gente está aqui para buscar o diálogo. E tentar encontrar uma solução aqui mesmo no Vale do Reginaldo", mas o estrago já estava feito e as famílias, que vivem em situação de vulnerabilidade social, já estão nas ruas, sem casa.

Em nota, a Prefeitura de Maceió informou que o processo de pagamento das famílias que estão no perfil para recebimento do Aluguel Social está em andamento.  A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) está dando prioridade a esses casos para que as famílias possam receber o benefício o mais rápido possível.

Projeto de reurbanização

A Prefeitura também explicou que o projeto para o Vale Reginaldo foi dividido em 3 etapas: a primeira está sendo retomada com a implantação de aproximadamente 1km de pavimentação, com duas vias e nos dois sentidos.

Também serão realizados projetos de urbanização com drenagem, iluminação, abastecimento de água e esgotamento sanitário. A primeira etapa está prevista para iniciar na próxima semana e os primeiros serviços realizados serão de esgotamento sanitário e terraplanagem.

O recurso para o projeto já está disponível para realização da obra. O saldo de repasse é de R$40.441.334,67, porém o recurso só é liberado à medida que a obra é executada.

“Vale ressaltar que a segunda fase é de responsabilidade do Governo do Estado - que construirá unidades habitacionais aos moradores que porventura tenham suas casas desapropriadas. A terceira e última fase depende da construção destas habitações para que as obras sejam concluídas e, por fim, entregues à população”, registrou ainda a nota da Prefeitura de Maceió.