A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 abordou “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, discutindo etarismo, valorização da população idosa e o papel das novas gerações na construção de uma sociedade inclusiva e mais justa.

O assunto, considerado relevante e atual, já vinha sendo debatido em diversas unidades da rede estadual de Alagoas. Professores de diferentes municípios perceberam que o conteúdo trabalhado em aula antecipou o tema da prova, reforçando a importância das discussões realizadas ao longo do ano.

Educação conectada ao cotidiano

Na Escola Estadual Padre Cabral, em Maceió, a professora Renatha Carvalho relatou surpresa ao notar que o tema constava entre aqueles estudados com os alunos. Na véspera do exame, ela havia enviado materiais sobre possíveis assuntos da redação — entre eles, etarismo e respeito aos idosos. De acordo com Renatha, muitos estudantes convivem diretamente com avós, o que torna a reflexão mais natural.

“Eu sempre gosto de trabalhar com os alunos temáticas relacionadas a pessoas que, de certa forma, ficam à margem da sociedade. Já havia trabalhado não só essa temática como algumas outras, mas, nesse caso, o principal motivo foi o fato de vivermos em uma comunidade pequena, onde a maioria tem uma vivência marcada pela educação e pelo sacrifício dos avós.”, afirmou.

A professora reforça que a proximidade entre os temas debatidos em aula e a realidade dos alunos torna o processo de aprendizagem mais significativo.

“Espero que todo mundo busque estar sempre atento, discutindo com os alunos temas que são importantes para a sociedade, vendo filmes e séries, porque tudo serve como repertório. Eles tiveram uma facilidade muito grande para utilizar o repertório, justamente porque a gente discute muito isso em sala”, finalizou.

Experiência como base para o acerto

Também na capital, na Escola Estadual Professor Édson dos Santos Bernardes, o professor Álex Vitor Silva celebrou o acerto com entusiasmo. Com experiência na área de Linguagens e atuação como corretor do Enem, ele explica que a escolha das temáticas discutidas decorre da observação dos debates contemporâneos e dos públicos que ainda não haviam sido explorados pelo exame.

Segundo Álex, o envelhecimento foi destaque nas aulas e nas revisões antes da prova, especialmente a partir da ideia de longevidade e das mudanças no perfil da população idosa.

“Como já atuei na correção da prova do Enem, trabalhei em minhas aulas com públicos-alvo e os públicos que já tinham sido abordados em edições passadas do Enem, e foquei nos que nunca tinham aparecido na prova antes. Um deles era o do idoso, tendo como perspectiva o fato de que o idoso é totalmente diferente do idoso de 20 anos atrás: ele é proativo, trabalha após a aposentadoria. Os alunos amaram o tema, pois tínhamos trabalhado o assunto ao longo ano e em um aulão, o que fez com que eles soubessem como melhor conduzir o texto”, avaliou.

O professor deixa ainda uma orientação direta aos estudantes: “Eles precisavam de empatia com os idosos, ou seja, colocar-se no lugar do idoso. Quem teve tal sensibilidade certamente se saiu bem”, contou.

Entre literatura, crítica social e empatia

Na Escola Estadual Doutor Fernandes Lima, em Maceió, as professoras Edlayne e Fátima também vibraram com o acerto. Edlayne observou que o tema daria mais segurança aos estudantes na construção dos argumentos.

“Fiquei muito satisfeita, em razão de ver que nossos estudantes terão a oportunidade de construir argumentos com repertórios culturais de maneira mais confiante”, contou.

Ela destacou o caráter interdisciplinar da abordagem, integrando literatura, discussões históricas e análises sobre políticas públicas.

A professora Fátima compartilhou a mesma satisfação.
“Fiquei muito feliz em ter trabalhado com as turmas de 3º ano, há cerca de um mês, a temática proposta na prova. Assim, provavelmente ficou mais fácil para o nosso aluno organizar as ideias e produzir seu texto”, afirmou.

Ela lembrou que, em 2020, também havia trabalhado previamente um tema que acabou caindo no Enem, o estigma das doenças mentais. Para Fátima, tratar de temas ligados às minorias sociais aumenta a possibilidade de acerto.

Além disso, enfatizou a importância da participação ativa dos estudantes.
“Valorizem o trabalho do professor e participem das atividades. O conhecimento se constrói junto, com diálogo e dedicação”, ressaltou.

Estratégia unida à sensibilidade

Na Escola Estadual Professora Claudizete Lima Eleutério, em Rio Largo, o professor João Lira também identificou o tema durante suas aulas transversais de ética e filosofia política.

“Primeiramente, me veio o entusiasmo por ter acertado uma temática dentre tantas que possuem tamanha urgência de debates na nossa sociedade”, disse.

João explica que incluiu o assunto pela relevância crescente do tema e pelas discussões constantes nas mídias.

Ao final, deixou uma mensagem aos alunos:
“Como antecipei na resposta anterior, nenhum estudo é um esforço perdido. Então, tanto para quem já tinha familiaridade com o tema quanto para quem não, o segredo de uma boa redação é o estudo, a persistência, os livros lidos, os rascunhos e aquelas pequenas vitórias de concluir textos de trinta linhas, que na maioria das vezes cremos não servirem”.

Força coletiva

Na Escola Estadual Monsenhor Machado, em Viçosa, os professores Fabiana Laurindo (Língua Portuguesa), Elias dos Santos (Matemática) e Wedja Tenório (Geografia) prepararam um aulão especial sobre temas possíveis da redação — e o envelhecimento foi um deles.

“Propusemos um aulão leve, descontraído e, na ocasião, abordamos temas sociais e atuais que poderiam cair no Enem. Dentre eles, o do envelhecimento da população e a necessidade de inclusão e acessibilidade para os idosos, com estratégias para apresentação de propostas e estratégias de políticas públicas”, explicou Fabiana.

A estudante Maria Cláudia destacou a importância do encontro:
“Foi um aulão diferente, muito produtivo e que nos ajudou bastante, revisamos sobre estrutura textual, conectivos, assimilamos estatísticas e abordamos diversos problemas que afetam o idoso (…) fomos para a prova com um repertório vasto que nos deixou à vontade na hora de elaborar o texto”.

O Enem

O Exame Nacional do Ensino Médio é aplicado pelo Inep e avalia o desempenho dos estudantes ao final da educação básica, servindo como porta de entrada para universidades por meio de programas como Sisu, Prouni e Fies, além de ser aceito por instituições portuguesas conveniadas.

A segunda etapa do Enem 2025 ocorre neste domingo (16), com provas de Matemática e Ciências da Natureza.

*Com informações da Assessoria