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Documentário destaca impacto da leitura na ressocialização de pessoas privadas de liberdade
Filme “Livros que libertam” foi apresentado na 11ª Bienal do Livro de Alagoas e evidencia como programas educativos têm transformado trajetórias dentro do sistema prisional
Em uma noite marcada por apresentações musicais, emoção do público e aplausos constantes, ocorreu, na última quarta-feira (5), o lançamento do documentário “Livros que libertam: leitura para além da remição”, dirigido por Bernardo BBlack e produzido pela Sambacaitá. A exibição fez parte da programação da 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, reunindo familiares de pessoas privadas de liberdade, pesquisadores, representantes da Secretaria da Ressocialização e Inclusão Social (Seris) e o reitor da Ufal, Josealdo Tonholo.
A produção apresenta relatos de participantes do projeto que leva o mesmo nome do filme. A iniciativa possibilita a remissão de pena através da leitura, com redução de quatro dias a cada livro concluído. Idealizado pela Seris em parceria com o Poder Judiciário, o programa busca estimular o contato com a literatura e contribuir para novas perspectivas de vida para os reeducandos.
“Cheguei na cadeia sem saber escrever meu nome nem ler nada. Agora estou terminando o ensino médio e vou fazer faculdade EAD de administração. Os livros não só diminuem a pena, mas transformam a vida da gente para sempre”, afirmou o músico Jotapê, que emocionou os presentes com canções autorais que reforçam a ideia de que “revolução a gente faz com o livro na mão”.
Avanço educacional no sistema prisional
O documentário evidencia o alcance da educação dentro das unidades prisionais de Alagoas. Com cerca de 5 mil pessoas privadas de liberdade, mais de 4.200 participam de atividades educativas, principalmente ligadas à leitura, representando mais de 90% da população carcerária do estado.
“É o maior exemplo que Alagoas dá ao resto do Brasil. Somos o estado brasileiro que mais alfabetiza no cárcere e o que mais proporciona atividades de remição de pena pela leitura do que o restante das unidades federativas, além de ser o segundo no ranking geral em educação formal”, destacou o secretário de Ressocialização e Inclusão Social, Diogo Teixeira.
Os números são referentes ao segundo semestre de 2024, reunidos pelo Sistema Nacional de Informações Penais (Sisdepen), vinculado à Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Após a sessão, o diretor Bernardo BBlack reforçou sua visão sobre o papel da arte na transformação social.
“Enxergo o acesso à educação, arte e culturas como um direito constitucional que deve chegar a todas as pessoas, inclusive as que estão privadas da liberdade e precisam ser ressocializadas, pois irão retornar à sociedade e precisam estar de espírito fortalecido para enfrentar os novos desafios. A arte e a leitura nos dão essa força”, afirmou.
Ele acrescenta que o documentário foi estruturado de forma que os próprios participantes conduzissem a narrativa: “As vozes são deles. São eles que revelam, em primeira pessoa, a revolução silenciosa que os livros estão causando dentro do sistema prisional”.
Sobre a Bienal
A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é organizada pela Universidade Federal de Alagoas em parceria com o Governo do Estado, com a correalização da Fundepes e apoio institucional e financeiro do Senac e Sebrae Alagoas. Sob curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o evento reúne também parceiros como Doity, rede de Hotéis Ponta Verde, Sesc, Prefeitura de Maceió (Semed), Ifal e secretarias estaduais de Cultura, Turismo e Comunicação.
*Com informações da Assessoria

