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Projeto alagoano que transforma a Caatinga em fonte de renda disputa destaque na COP30
Associação do Sertão de Alagoas participa de votação nacional que pode garantir visibilidade internacional à iniciativa de crédito de carbono social
 
                A Associação dos Produtores de Crédito de Carbono Social do Bioma Caatinga, sediada no Sertão de Alagoas, está concorrendo em uma votação nacional que pode colocá-la entre os projetos mais destacados na COP30, conferência do clima da ONU que será realizada no Brasil, em 2025.
Promovida pela plataforma Brasil Participativo, a votação termina nesta sexta-feira e reúne iniciativas voltadas à sustentabilidade e inovação ambiental. Caso figure entre as mais votadas, representantes da associação terão visibilidade internacional para apresentar uma experiência inovadora de preservação da Caatinga, com impactos sociais e econômicos diretos.
Por muito tempo considerada um bioma seco e de baixa produtividade, a Caatinga tem demonstrado grande potencial ambiental e econômico. O projeto da associação propõe um modelo de crédito de carbono integral, que combina preservação ambiental, geração de renda e valorização cultural de comunidades locais.
Criada em 2022, a associação reúne agricultores familiares, quilombolas, indígenas, assentados rurais, além de professores e técnicos que atuam na preservação da vegetação nativa e no manejo sustentável do bioma. O projeto conta com o apoio do Sebrae, parceiro em iniciativas de inovação e desenvolvimento sustentável.
O que é crédito de carbono e como funciona
O crédito de carbono é um ativo financeiro que representa a redução ou sequestro de dióxido de carbono (CO₂), principal gás do efeito estufa. Cada tonelada de CO₂ não emitida ou capturada corresponde a um crédito negociável no mercado.
Segundo o presidente da associação, Haroldo de Almeida, “esse crédito é um título que comprova que determinada área de vegetação absorveu uma quantidade específica de carbono. Empresas e organizações que emitem CO₂ podem comprar esses créditos para neutralizar suas emissões”.
Um exemplo prático: se um evento emite cerca de 10 toneladas de CO₂, seus organizadores podem adquirir dez créditos de carbono para compensar o impacto ambiental.
Com pouco mais de três anos de atuação, a associação já reúne 108 associados e desenvolve metodologia própria para medir a capacidade de absorção de carbono em áreas preservadas da Caatinga. Estudos indicam que cada hectare do bioma pode absorver até cinco toneladas de carbono por ano, equivalentes a cinco créditos de carbono — uma nova fonte de renda para os produtores rurais.
“A emissão desses títulos vai se tornar uma alternativa de valorização e sustentabilidade para as famílias que vivem da terra”, afirma Haroldo.
De acordo com Fábio Rosa, gerente do Sebrae Regional Delmiro Gouveia, o projeto oferece um novo olhar sobre o semiárido. “Esse mercado abre oportunidades de geração de renda, reflorestamento e certificação da madeira, além de incentivar o engajamento socioambiental das comunidades”, destaca.
O modelo de crédito de carbono integral é considerado pioneiro por conciliar conservação da natureza, inclusão social e inovação econômica, demonstrando que é possível conviver de forma sustentável com as características únicas da Caatinga.
*Com informações da Assessoria
 



