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Profissionais denunciam venda do Caps Rostan Silvestre e alertam para risco de paralisação nos atendimentos

Equipe critica decisão do Estado de vender imóvel do centro de saúde mental e ordenar desocupação em 15 dias, sem aviso prévio à Prefeitura

Por Redação* 18/10/2025 17h05
Profissionais denunciam venda do Caps Rostan Silvestre e alertam para risco de paralisação nos atendimentos
Profissionais denunciam venda do Caps Rostan Silvestre e alertam para interrupção de atendimentos - Foto: Reprodução

Profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (Caps II) Dr. Rostan Silvestre, localizado na Jatiúca, em Maceió, denunciaram nas redes sociais a venda do imóvel pelo Estado de Alagoas a construtoras privadas e a determinação de desocupação do prédio em apenas 15 dias.

De acordo com os trabalhadores, a decisão foi tomada sem qualquer comunicação prévia à Prefeitura de Maceió ou à equipe que atua no local, o que pode interromper atendimentos diários a dezenas de pessoas em sofrimento psíquico. O grupo também lembra que o espaço passou recentemente por uma reforma custeada com recursos públicos de R$ 1,7 milhão.

Em nota de repúdio, profissionais, usuários e movimentos sociais classificaram a medida como uma violência institucional e um ataque à saúde mental pública.

A médica Marília Magalhães, integrante da equipe do Caps, divulgou uma carta aberta à sociedade alagoana. “Recebemos, com espanto e profunda indignação, a notícia de que o imóvel foi vendido sem qualquer comunicação prévia ao Município de Maceió ou às equipes que há décadas sustentam um serviço essencial da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)”, afirmou.

Ela também criticou o curto prazo para desocupação. “É como se estivéssemos falando de um prédio comum, e não de um equipamento público de saúde mental que acolhe diariamente dezenas de pessoas em sofrimento psíquico, com vínculos construídos ao longo dos anos”, destacou.

Os trabalhadores afirmam que a venda do terreno — realizada por meio de leilão e envolvendo todo o quarteirão onde o Caps funciona — ocorreu sem diálogo interinstitucional. “Tratar um Caps como se fosse apenas um imóvel negociável é ignorar o valor humano, social e simbólico que esse espaço carrega. Ali se constroem histórias de cuidado, afeto e pertencimento que não cabem em nenhum edital de leilão”, denunciou a médica.

Atualmente em processo de habilitação para Caps III, o serviço é considerado referência na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e atua como alternativa aos manicômios. Os profissionais alertam que a desocupação ameaça vínculos terapêuticos e fragiliza a rede de cuidado em Maceió.

Para a equipe, a medida representa mais um retrocesso na política de saúde mental. Eles reivindicam a revogação imediata da ordem de desocupação, a garantia de continuidade do serviço no mesmo território ou em local equivalente, e a participação da comunidade na escolha do novo espaço.

“A forma como tudo foi conduzido fere princípios éticos, o direito à saúde e o respeito à vida. A saúde mental não se vende. O cuidado não se despeja. E o Caps resiste”, concluiu Marília Magalhães.

*Com informações do Cadaminuto