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Pagar cartão por aproximação pode acabar em golpe
Esse crime é comum no Brasil e em Alagoas, diz delegado Sidney Tenório; costureira foi uma das vítimas no estado
A praticidade oferecida pelo pagamento por aproximação — feito com cartões, celulares ou smartwatches utilizando a tecnologia NFC (Near Field Communication) — tem sido explorada por golpistas, que se aproveitam dessa comodidade para aplicar fraudes.
A utilização desse tipo de pagamento já está incorporada à rotina de milhões de brasileiros, inclusive em Alagoas. Com isso, também crescem os registros de crimes relacionados a essa tecnologia.
Um dos métodos mais recentes utilizados por criminosos envolve o uso de celulares com aplicativos específicos. Eles se aproximam da vítima de forma discreta, muitas vezes com a ajuda de um comparsa que inicia uma conversa para distração. Aproveitando o momento, o golpista posiciona o dispositivo perto do cartão — que pode estar no bolso ou na mão da pessoa — e realiza uma transação sem que ela perceba.
Além dessa tática, golpistas têm utilizado outras formas de fraude digital, como o uso de equipamentos de skimming (para capturar dados dos cartões), clonagem e ataques do tipo man-in-the-middle, que interceptam as informações durante a transação.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), a tecnologia NFC só funciona com uma distância de até quatro centímetros entre o cartão e o equipamento. A entidade, que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento, afirmou não haver registro oficial de fraudes com dispositivos escondidos ou maquinetas que capturam dados por aproximação de forma indevida.
Ainda de acordo com a Abecs, o setor de cartões no Brasil é considerado um dos mais avançados globalmente em termos de segurança, com investimentos constantes em mecanismos antifraude. Atualmente, são realizadas cerca de 130 milhões de transações com cartões diariamente, e o índice de fraudes caiu quase 50% nos últimos três anos — sendo uma redução de 13% apenas no último ano.
“A modalidade conta com as mesmas camadas de proteção do chip tradicional, como criptografia avançada e uso do padrão internacional EMV, o que inviabiliza o uso de dados para clonagem e demais fraudes”, detalhou a associação.
Apesar da segurança destacada pelas operadoras, casos têm sido relatados em Alagoas. O delegado Sidney Tenório, da Diretoria de Polícia Judiciária, confirmou que esse tipo de crime ocorre no estado, especialmente em eventos com grande público.
“Pessoas que percebem que tiveram algumas compras inseridas em seus cartões de crédito enquanto estavam em shows. Outros registros dão conta de que algumas pessoas foram levadas a ficar desatentas por alguns instantes, por um terceiro, até que alguém se aproximou e colocou aquele dispositivo em alguma maquineta, especialmente maquineta de cartão de crédito, em aproximação com um bolso, especialmente com as carteiras e bolsas também de mulheres, com o sistema de compra ativado com relação à aproximação”, explicou.
A Polícia Civil ainda não divulgou números oficiais sobre esse tipo de ocorrência, mas o delegado reforçou que a prática se enquadra como furto mediante fraude — quando o criminoso consegue realizar uma transação sem o consentimento da vítima.
“O ideal mesmo é que se desative esse sistema, você pode até ficar com ele ativado, mas é um jeito de que você peça a confirmação através da senha também, jamais deixar que ele fique ativado somente com aproximação. Para evitar prejuízo. A melhor forma de você evitar o golpe é exatamente a prevenção”, orientou Tenório.
A costureira Silvania Loureiro, que manteve o recurso ativo por um período, relatou ter sido vítima duas vezes. Com grande movimentação em seu ateliê, ela optou por desativar a função após um prejuízo de R$ 350.
*Com informações do Tribunahoje


