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Setembro Amarelo: médico do Hospital Escola Portugal Ramalho fala sobre fatores e grupos de risco

Pedro Bradley, médico residente em Psiquiatria do Hospital Escola Portugal Ramalho, destaca importância da campanha Setembro Amarelo

Por Redação* 16/09/2025 16h04 - Atualizado em 16/09/2025 16h04
Setembro Amarelo: médico do Hospital Escola Portugal Ramalho fala sobre fatores e grupos de risco
setembro amarelo - Foto: Secom Maceió

O suicídio representa um grave problema de saúde pública no Brasil, com mais de 15 mil casos registrados anualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde. 

Pedro Bradley, médico residente em Psiquiatria no Hospital Escola Portugal Ramalho (HEPR), unidade da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), reforça a importância da campanha do Setembro Amarelo, que visa chamar atenção para a prevenção. Para ele, o suicídio nunca resulta de um único fator, mas de uma complexa interação de elementos biológicos, psicológicos, sociais e culturais.

"A ciência nos mostra, através de estudos de grande escala, que alguns fatores aumentam a vulnerabilidade de uma pessoa", explicou Bradley, destacando que fatores clínicos associados a transtornos mentais têm maior impacto, seguidos pelo histórico familiar e genético.

O médico ressalta que possuir um ou mais desses fatores não significa que a pessoa cometerá suicídio; eles apenas indicam uma vulnerabilidade que merece atenção e cuidado.

Bradley afirma que muitos casos de suicídio são precedidos por sinais de alerta e que reconhecê-los é o primeiro passo para a prevenção.

"A fala, por exemplo, quando expressa diretamente o desejo de morrer – ‘eu queria sumir’, ‘queria não ter nascido’, ‘vou me matar’ –, ou dizer sentir-se sem esperança, sem propósito, ou como se estivesse em um beco sem saída; mencionar ser um ‘peso’ para os outros ou sentir grande culpa e vergonha. 

Nos sentimentos, quando a pessoa pode parecer extremamente triste, ansiosa, irritada ou agitada; demonstrando mudanças bruscas de humor, relatando dor emocional ou física que se tornou insuportável; e ainda no comportamento, quando o indivíduo passa a se isolar, afastando-se de amigos, família e atividades que antes gostava", descreveu Pedro, orientando a população para observar atentamente esses sinais em pessoas da convivência.

O médico recomenda que, para ajudar, é essencial conversar abertamente, ouvir sem julgamentos, não minimizar o sofrimento e incentivar a busca por apoio profissional, inclusive oferecendo ajuda para marcar consultas ou acompanhar a pessoa.

“Leve-a a uma emergência psiquiátrica ou entre em contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida) pelo número 188. O serviço é gratuito, sigiloso e funciona 24 horas por dia”, orientou.

Dados e estatísticas

Segundo Bradley, os casos de suicídio aumentaram 43% no Brasil em uma década, passando de 9.454 em 2010 para 13.523 em 2019. Entre os homens, as taxas são globalmente mais altas, devido, em parte, à maior relutância em buscar ajuda para questões de saúde mental.

Entre adolescentes, o aumento foi de 81%, subindo de 3,5 para 6,4 suicídios por 100 mil jovens. Entre crianças menores de 14 anos, a taxa cresceu 113% de 2010 a 2013. O suicídio é a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, afetando especialmente homens idosos após a aposentadoria, população LGBTQIA+, indígenas e pessoas com doenças crônicas ou incapacitantes.

*Com informações da Ascom HEPR