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Justiça de SP responsabiliza Estado por morte de alagoano em situação de rua

Decisão determina que governo paulista arque com traslado do corpo de Jeferson de Souza para Craíbas, no Agreste de Alagoas

Por Redação* 01/09/2025 12h12
Justiça de SP responsabiliza Estado por morte de alagoano em situação de rua
Jeferson de Souza, que vivia em situação de rua, foi executado durante uma abordagem policial em São Paulo - Foto: Reprodução

A 11ª Vara de Fazenda Pública da Comarca de São Paulo determinou que o Estado de São Paulo seja responsável pelo translado do corpo de Jeferson de Souza, alagoano de 25 anos que vivia em situação de rua e foi morto durante abordagem policial em junho deste ano. A decisão, assinada em 29 de agosto, aplica a responsabilidade objetiva da administração pública, prevista no artigo 37, §6º, da Constituição Federal.

Imagens de câmeras corporais mostraram que Jeferson estava desarmado, acuado e com as mãos para trás quando foi atingido por disparos na cabeça, no tórax e no braço. Dois policiais militares envolvidos permanecem presos no Presídio Militar Romão Gomes, respondendo por homicídio doloso, falsidade ideológica e obstrução de Justiça.

A juíza Renata Yuri Tukahara Koga destacou que não é necessário avaliar se a ação policial foi proposital ou por descuido, apenas o dano causado, uma vez que a morte não pode ser atribuída à vítima. Com base no artigo 948 do Código Civil, a decisão inclui o custeio do translado do corpo, avaliado em cerca de R$ 15 mil. A defensora pública Fernanda Balera terá 30 dias para complementar a ação com pedido de indenização, podendo o Estado apresentar contestação.

Jeferson havia deixado Craíbas, no Agreste alagoano, em busca de melhores oportunidades em São Paulo. Órfão e enfrentando problemas pessoais, trabalhava no setor alimentício enquanto tentava seguir carreira no futebol. Segundo familiares, ele enfrentava dificuldades emocionais e o vício em drogas, que o levaram à condição de rua.

O crime ocorreu no dia 13 de junho, sob o Viaduto 25 de Março. Durante a abordagem, o soldado chegou a encobrir a lente da câmera corporal, e momentos depois Jeferson foi executado, desmentindo a versão apresentada pelos policiais. Para o Ministério Público, o homicídio foi cometido com “motivo torpe” e em “absoluto desprezo pelo ser humano e pela condição da vítima”.

Com agências.