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Defensor público cobra revisão urgente do mapa de risco de afundamento do solo em Maceió
Ricardo Melro aponta contradições na atuação da Defesa Civil após interdição de imóvel no Bom Parto e denuncia omissão do Serviço Geológico do Brasil

A interdição de um imóvel na Rua da Beira da Lagoa, no bairro Bom Parto, em Maceió, levou o defensor público estadual Ricardo Melro a cobrar a atualização do mapa de risco da área afetada pelo afundamento do solo provocado pela mineração da Braskem. Segundo laudo da Defesa Civil de Maceió, datado de 29 de abril, a casa corre risco de desabamento e só poderá ser habitada novamente após reparos estruturais e nova avaliação técnica.
Melro, que visitou o imóvel duas semanas antes da interdição e alertou sobre os danos estruturais, afirma que o problema atinge não apenas a residência interditada, mas diversos outros imóveis na região. Para o defensor, a exclusão dessas moradias do Programa de Compensação Financeira da Braskem é reflexo direto de uma “falha metodológica” na elaboração do mapa de risco.
“A interdição do imóvel evidencia uma contradição grave: por um lado, o poder público admite o risco de colapso; por outro, nega a existência de risco no entorno. Isso mostra que a metodologia usada para definir as áreas afetadas não reflete a realidade”, afirmou Melro.
O defensor público também criticou o Serviço Geológico do Brasil (SGB), que, segundo ele, se recusa a revisar a nota técnica que delimita a área afetada. “A realidade visível precisa ser levada em conta. O mundo real não vai se adequar aos relatórios técnicos. São os relatórios que devem ser atualizados”, disse.
Melro tem documentado, em visitas a campo, rachaduras e sinais evidentes de instabilidade que estariam sendo ignorados pelas autoridades. Para ele, a omissão pode configurar responsabilidade penal, conforme prevê o Código Penal em casos de negligência diante de risco concreto.

O defensor também criticou a orientação dada à moradora, identificada como dona Peu, para que construísse por conta própria uma coluna de sustentação em sua residência. “Essa recomendação transfere à vítima a responsabilidade por um dano causado pela exploração mineral, o que é inadmissível”, afirmou.
Melro segue como uma das poucas vozes públicas que questionam de forma direta a atuação da Defesa Civil Municipal e do SGB. Ele defende que a inclusão de novas áreas no mapa de risco é medida urgente e necessária para garantir segurança e reparação às famílias atingidas pela tragédia ambiental.
Com Tribuna Independente.
