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Programa AVC Dá Sinais participa do estudo PROADI-SUS sobre tratamento do AVC isquêmico agudo

Estudos serão conduzidos pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, e serão desenvolvidos em 13 centros de pesquisa do país simultaneamente

Por Sesau 30/12/2021 09h09
Programa AVC Dá Sinais participa do estudo PROADI-SUS sobre tratamento do AVC isquêmico agudo
Programa conta com um aplicativo de telemedicina, quatro hospitais de referência e equipe capacitada a realizar a trombólise e a trombectomia mecânica - Foto: Reprodução/Ivo Neto

O Programa AVC Dá Sinais, lançado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) no dia 23 de agosto deste ano, foi aceito como centro de estudo da pesquisa desenvolvida pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), em parceria com o Ministério da Saúde (MS), sobre tratamento do Acidente Vascular Cerebral (AVC) Isquêmico agudo. O estudo visa avaliar a segurança e eficácia do medicamento tenecteplase, além de ampliar a janela terapêutica para o início dos procedimentos. Em Alagoas, a pesquisa será desenvolvida nos Hospitais Metropolitano de Alagoas (HMA) e Geral do Estado (HGE).

As pesquisas são braços do estudo Resilient, que avaliou a efetividade da trombectomia mecânica no Sistema Único de Saúde (SUS) e foi responsável pela incorporação deste tratamento no SUS em fevereiro de 2021. Intitulados Resilient Direct TNK e Resilient Extend-IV, os estudos serão conduzidos pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, e serão desenvolvidos em 13 centros de pesquisa do país simultaneamente, incluindo Alagoas.

O secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, comemora a participação do Programa AVC Dá Sinais na pesquisa. “A democracia fica mais forte com a ajuda da ciência e é muito satisfatório saber que Alagoas está apta a fomentar pesquisas em saúde pública, principalmente quando o assunto é AVC. Alagoas é o único Estado do Brasil a inaugurar um programa como esse e agora estamos torcendo para que essa pesquisa renda resultados positivos”, afirmou o gestor.

O neurologista e coordenador do Programa AVC Dá Sinais, Matheus Pires, ressalta a importância da implantação da linha de cuidados do AVC para que o Estado estivesse apto a participar do estudo científico em nível internacional. “Alagoas vem se firmando, cada vez mais, como um modelo de funcionamento estadual, pois aqui conseguimos organizar todo o estado para que em cada região tenha um hospital de referência e o paciente possa fazer trombólise e/ou trombectomia. O que não é uma realidade para todos os estados, porque apesar de ser liberado pelo SUS desde fevereiro de 2021, não são todos que oferecem a trombectomia de forma gratuita”, enfatiza.

As duas terapias reperfusionais utilizadas em pacientes acometidos pelo AVC são a trombólise e a trombectomia mecânica. A janela de tempo para a trombólise é de quatro horas e meia do início dos sintomas. Depois desse tempo, até a oitava hora do início dos sintomas, faz-se a trombectomia mecânica. Mas quando o paciente procura ajuda fora da janela de tempo ideal, outras condutas são definidas pela equipe.

Matheus Pires destaca, ainda, que o estudo Resilient Extend-IV, sendo positivo, permitirá estender a janela de tempo para o tratamento dos pacientes com o derrame. “Para o paciente acometido com a doença, entre quatro horas e meia e 12 horas do início dos sintomas, se o estudo for positivo ele poderá ser tratado com a medicação, com o intuito de reverter o AVC, com segurança. O objetivo é avaliar a segurança e eficácia em relação ao tratamento, para diminuir mortalidade e sequelas. A importância do ganho de tempo é absurda, pois a cada minuto, em média, são dois milhões de neurônios que estão sendo perdidos. Então nós temos como diminuir a lesão cerebral desse paciente se comprovarmos o estudo”, ressaltou.

O secretário Executivo de Ações da Saúde e diretor do Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA), Marcos Ramalho, reforçou a importância do programa AVC Dá Sinais para o combate à doença no Estado e como os bons resultados desde a implantação ajudaram a tornar essa participação possível. “O Programa AVC Dá Sinais é um marco para a saúde em Alagoas, pois entregamos aos alagoanos o que há de mais moderno no tratamento do AVC, de forma rápida e com qualidade”, afirmou o diretor.

“A participação do nosso Estado nesse estudo multicêntrico mostra que estamos no caminho certo, colocando Alagoas entre as referências no tratamento dessa doença que é uma das que mais matam e incapacitam no Brasil e no mundo. Vamos ajudar a avaliar novas possibilidades de tratamento para garantir que cada vez mais pessoas possam ser tratadas e evitar maiores sequelas, ajudando a salvar ainda mais vidas”, concluiu.

Sobre o tenecteplase


O tenecteplase é um trombolítico utilizado para dissolver o coágulo, não somente no cérebro, mas também em outros locais do corpo, a depender da doença para a qual ele é utilizado. No caso do AVC, ele vai dissolver o coágulo que está na artéria cerebral.

“Vamos avaliar se aquele paciente que perdeu a janela de 4h30, e antes não teria nenhum tratamento específico, utilizar a tenecteplase, se ele teria um desfecho melhor do que aquele indivíduo que teve um tratamento ‘conservador’ [sem utilização de medicação]. Isso é uma mudança de paradigma, se mostrar benefício no aumento da janela entre quatro horas e meia e doze horas”, explica o neurologista e coordenador do Programa AVC Dá Sinais, Matheus Pires.

AVC Dá Sinais


O Programa AVC Dá Sinais, linha de cuidados pioneira no país para pacientes acometidos pelo Acidente Vascular Cerebral (AVC), conta com um aplicativo de telemedicina, quatro hospitais de referência, todos com tomógrafo, e equipe capacitada a realizar a trombólise e a trombectomia mecânica, que são as duas terapias reperfusionais para evitar a morte e as graves sequelas.

Lançado há quatro meses, o programa já discutiu 523 casos suspeitos de AVC pelo aplicativo de telemedicina Join. Destes, 247 casos foram confirmados. Sendo 167 casos de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI), 54 de Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH) e 26 de Ataque Isquêmico Transitório (AIT). Também foram registradas 69 trombólises e 22 trombectomias.