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Mercados têm altas históricas com acordo bilionário da UE para recuperar economias

Euro e ações atingiram seus níveis mais altos desde março

Por O Globo 21/07/2020 08h08
Mercados têm altas históricas com acordo bilionário da UE para recuperar economias
O presidente da França, Emmanuel Macron, cumprimenta a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na cúpula que fechou o acordo. - Foto: STEPHANIE LECOCQ / AFP

As ações mundiais e o euro atingiram seus níveis mais mais altos desde março nesta terça-feira, depois que os líderes da União Europeia selaram um plano de estímulo pós-pandemia de € 750 bilhões (R$ 4,57 trilhões) após uma maratona de cinco dias.

As esperanças de que as vacinas contra o coronavírus estejam prontas até o final do ano também estimularam os mercados, após dados promissores de ensaios com três vacinas em potencial.

As notícias do acordo da UE, que inclui € 390 bilhões em doações  (abaixo dos € 500 bilhões inicialmente propostos), juntamente com € 360 bilhões de empréstimos com juros baixos, viram o euro subir para US$ 1,1470 e os principais índices de ações europeus abrirem em alta de  mais de 1%.

O presidente da cúpula da UE, Charles Michel, apresentou o plano final como um momento "crucial" para dissipar dúvidas sobre a unidade e o futuro do bloco.

—  Este acordo envia um sinal concreto de que a Europa é uma força de ação —  afirmou Michel, exultante em entrevista coletiva. O presidente francês Emmanuel Macron, que liderou o acordo com a chanceler alemã Angela Merkel, o considerou "verdadeiramente histórico".

Os títulos dos governos italiano, espanhol, grego, português e cipriota se recuperaram, refletindo o fato de que os países receberão alguns dos maiores valores do novo fundo quando, proporcionalmente ao tamanho de suas economias.

Os Países Baixos, a Áustria e a Finlândia, que faziam parte do grupo conhecido como cinco "frugals" que pediam termos mais rígidos para o financiamento, viram seus custos de empréstimos subirem mais.

—  É uma mensagem muito boa em comparação com outros países —  disse Sean Darby, estrategista-chefe de ações globais da Jefferies, referindo-se ao resultado da cúpula da UE. — Os mercados devem receber essa notícia muito bem.

Os futuros de Wall Street também subiram 0,5%, depois que seu mais recente avanço, liderado pelo setor de tecnologia, elevou o índice Nasdaq em 2,5% para um recorde de alta, e o S&P 500 para um pico de cinco meses na segunda-feira.

Já dólar americano teve a maior baixa em quatro meses nesta terça-feira, ajudando os investidores a apostar em moedas mais arriscadas, como o rand sul-africano, que subiu 0,6%.

As ações asiáticas e australianas seguiram o exemplo, com o índice mais amplo MSCI de ações da Ásia-Pacífico fora do Japão subindo 2% para o nível mais alto desde fevereiro.

 

O Nikkei de Tóquio fechou em 0,7%, mais modesto, mas o mercado de ações australiano registrou seu melhor dia em mais de um mês,  com um salto de 2,6%.

Os principais índices mundiais de ações agora recuperaram 45% em relação a suas baixas de março, impulsionados principalmente pelos níveis recordes de estímulo anunciados pelos governos e bancos centrais para amortecer o impacto do coronavírus e do isolamenteo social.

Dados iniciais de testes de três possíveis vacinas contra Covid lançados na segunda-feira, incluindo um candidato observado de perto pela Universidade Britânica de Oxford e um da CanSino Biologics e da unidade de pesquisa militar da China, também ajudaram a elevar os mercados.

Commodities

Os mercados de commodities também tiveram alta. O petróleo Brent subiu 31 centavos  de dólar, a US $ 43,59, enquanto o petróleo bruto dos EUA (WTI) subiu 19 centavos de dólar, para US $ 41.

O ouro teve a maior alta em nove anos nesta terça-feira, com as expectativas de inflação mais alta devido ao aumento do estímulo (que ofuscaram o ganho resultante no apetite pelo risco), enquanto a prata ultrapassou o nível de US$ 20 pela primeira vez desde setembro de 2016.

O ouro à vista subiu 0,4%, a US$ 1.822,11 por onça, depois de atingir o seu nível mais alto desde setembro de 2011. O futuro do ouro nos EUA subiu 0,4%, para US$ 1.823,80.