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PCJE promove palestra em alusão aos 12 anos de criação da Lei Maria da Penha
De acordo com dados levantados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tramitam no Judiciário brasileiro cerca de um milhão de processos relacionados à violência doméstica e familiar contra mulheres, sendo 10 mil deles casos de feminicídio. Marco no combate aos crimes relacionados ao tema, a Lei Maria da Penha completa 12 anos de existência, celebrados nesta terça-feira (7).
Em alusão à data, o Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE) promoveu a palestra “Mulheres têm direito de viver com segurança”, na Escola Estadual Maria das Graças, para cerca de 100 estudantes do 1° ano do Ensino Médio, na última segunda-feira (6).
Titular da 3ª Vara Criminal de União dos Palmares, o juiz Anderson Santos dos Passos, que é coordenador de Projetos Especiais da Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal), participou da atividade e conversou com os alunos sobre a sua experiência no julgamento de processos que envolvem a aplicação da Lei n° 11.340/2006.
“O Brasil tem um dos maiores índices de feminicídio do mundo, todos os dias mulheres são mortas em razão do preconceito. É importante trabalhar esse tema com os adolescentes para que eles sejam fatores de transformação e lutem pela igualdade entre os homens e mulheres, multiplicando essa corrente em busca da paz e respeito entre os gêneros”, afirmou o magistrado.
Convidadas pela equipe do PCJE para ministrar uma palestra durante a ação, a analista judiciária da área de Psicologia, Carolina Monteiro, e a assistente social Charlene da Silva, ambas do 4° Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Maceió, comandaram uma discussão dinâmica e saudável com os alunos, que participaram intensamente.
“A própria lei coloca em questão a necessidade de trabalhar com a prevenção, e não focar apenas na punição. Por isso precisamos dialogar com os adolescentes, trazer informações sobre desigualdade de gênero e violência doméstica, para que eles saibam identificar essas situações e conheçam as formas de denunciar”, disse a psicóloga Carolina Monteiro.
Durante atividade proposta pelas palestrantes, a estudante Rafaela de Oliveira Silva, de 17 anos, realizou a leitura de um cartaz com frases machistas, e mostrou estar ciente de seus direitos e da necessidade de enfrentar diversos preconceitos que afetam mulheres por todo o país. “Nenhuma mulher deve ser estuprada só porque estava bêbada, não é normal uma mulher apanhar do marido, nada disso é legal. Espero que essa palestra tenha sensibilizado e conscientizado os alunos e os professores, para que todos tenham mais cuidado e repensem suas atitudes”, afirmou a aluna.
Segundo a servidora do PCJE, Ana Valéria Moura Pitta, o CNJ indica que seja trabalhado com mais ênfase, ao longo dos meses de março, agosto e novembro, questões sobre violência doméstica e familiar, como forma de combate e prevenção. “Essa lei foi um avanço grande para a sociedade, mas ainda precisamos avançar muito. É indispensável essa conversa com os adolescentes, um momento para esclarecer dúvidas e divulgar informações que vão influenciar no modo como eles convivem em sociedade”, disse.
Para a diretora adjunta da escola estadual, Ana Lúcia Freitas Silva, a experiência vai acrescentar muito na vida dos jovens. "O contato com o magistrado foi uma oportunidade impar para eles, a conversa com a assistente social e a psicóloga foram esclarecedoras também. É muito bom contar com palestrar extras que completam o que tentamos passar para os alunos durante as aulas", disse.