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Galeria pluvial libera água suja na praia da Ponta Verde

Secretaria de Meio Ambiente diz que desobstrução é para evitar alagamentos na parte baixa da capital

Por G1 AL 05/05/2015 17h05

A Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma) realizou a desobstrução de galerias de águas pluviais na Praia da Ponta Verde, em Maceió, nesta terça-feira (5). A operação é para evitar o transbordamento das galerias, mas acabou liberando muita água suja no mar.

O procedimento foi realizado dias após o surgimento de uma grande mancha escura na orla de Maceió, ainda sem causa definida. Os órgãos ambientais acreditam em duas possibilidades: sujeira acumulada nas galerias ou esgoto ligado clandestinamente a elas, que deveriam levar apenas água da chuva para a praia.

Questionada sobre o procedimento desta manhã, a Sempma informou que é necessário. Em um dos pontos desobstruídos, já era possível ver a formação de uma nova mancha no mar. De acordo com a Sempma, este é um procedimento padrão e que sem ele haveria uma sobrecarga da rede pluvial, causando alagamentos na parte baixa da cidade.

A reponsabilidade das galerias pluviais é da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra), que atribuiu à sujeira da água a precariedade do sistema de esgotamento sanitário da Casal [Companhia de Saneamento de Alagoas].

De acordo com o engenheiro da Seminfra lotado na Coordenadoria de Controle Ambiental, Roberto Denis Omena Barbosa, se não houver uma renovação urgente da rede de esgoto, haverá um colapso.

"O sistema da Casal está saturado. Ele recebe mais esgoto do que pode enviar para o emissário submarino. Quando há um transbordamento no sistema deles, o esgoto invade a galeria de água pluvial e acaba no mar", explica o engenheiro.

Ainda segundo Barbosa, há esgotos clandestinos na região que podem contribuir para o problema, mas como a prefeitura vem adotando medidas regulares para combater essa prática, eles não poderiam causar tamanho impacto. "O que existe hoje [de ligações clandestinas] é insignificante diante da gravidade do problema no sistema de esgotamento da Casal", avalia.

A Casal reconhece que há um problema crônico na rede coletora, que só atende a 35% da capital. "É enorme a quantidade de gordura lançada no sistema pelos bares, restaurantes e lanchonetes. Existem também casos em que as instalações do empreendimento não estão compatíveis com o porte do mesmo", justifica o superintendente técnico da Casal, Wallace Padilha.

Para reverter a situação, a Casal informa que uma obra da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) que já está em andamento vai ampliar a capacidade do sistema coletor que faz a ligação entre estação de bombeamento da Praça Lyons, na Pajuçara, e o da Praça 13 de maio, no Poço.

Essas Estações Elevatórias de Esgoto (EEE) são responsáveis por captar esgoto produzido nos bairros da Ponta Verde, Pajuçara e Jatiúca e levá-lo para o emissário submarino. Segundo a Casal, a obra também vai compreender áreas ainda descobertas, como parte de Mangabeiras, Cruz das Almas e Jacarecica.