Esportes
Estudo econômico projeta chances das seleções na Copa
Analistas juntam economia e cultura futebolística e apontam Brasil, Alemanha, Argentina e Espanha nas semifinais; confira projeções

Analistas econômicos do Itaú Unibanco elaboraram um modelo baseado em três variáveis que apontam as seleções com mais chances de avançar às fases finais da Copa do Mundo 2014. O estudo concluiu que Alemanha, Brasil, Argentina e Espanha são as seleções que devem chegar às semifinais e embora não aponte os potenciais finalistas, o economista-chefe do banco, Ilan Goldfajn, declarou na quarta-feira (5), em entrevista à CBN Brasil, que as variáveis apontam para Argentina e Brasil e que, neste caso, dará Brasil campeão.
Para os economistas, o sucesso de uma seleção se baseia fundamentalmente em três fatores: a qualidade da equipe, a tradição no futebol, que eles chamam de “peso da camisa” e o apoio da torcida. “A partir daí, procuramos variáveis que descrevam esses três fatores e investigamos, através de técnicas econométricas, se essas variáveis de fato influenciam o desempenho de uma seleção em Copas do Mundo”, explica o estudo, segundo o qual o Brasil está bem posicionado em todas as variáveis.
Por “qualidade atual”, o estudo considera fatores como os resultados de cada time em jogos recentes, o valor de mercado dos jogadores – os times mais caros devem ter os melhores jogadores. Nesse aspecto, foi tomado como base o ranking da FIFA. “Testamos essa medida, e ela mostrou boa correlação com o desempenho das equipes em Copas passadas. Além disso, os resultados do campeonato continental (Copa América, Eurocopa, Copa Africana de Nações, etc.) também se mostraram relevantes para prever o desempenho de uma seleção na Copa seguinte”, afirma.
A “tradição”, também chamada “peso da camisa”, é considerada fator complementar ao primeiro e segundo o estudo, leva em consideração o número de títulos mundiais conquistados e se o país é europeu ou latino-americano. “Ou seja, os países que já foram campeões tendem a ir mais longe (e quanto mais títulos, maior essa probabilidade), e os países da Europa ou América Latina têm um desempenho, em média, melhor que os dos demais continentes”.
Considerada de menor relevância estatística, a terceira variável é a “torcida” e nesse caso, o país-sede é sem dúvida o que leva mais vantagem, apesar de o Brasil contar com um curioso diferencial: dos países campeões, é o único que perdeu a Copa em casa.
Para qualquer brasileiro afeito ao futebol, o maracanazo, como ficou conhecida a derrota da seleção para o Uruguai, na final da Copa do Brasil de 1954, é um karma a ser superado.
Embora pese menos e apesar da memória histórica do jogo que calou o Maracanã, os economistas consideram que jogar em casa tem sua relevância. “Países que jogam em casa contam com um impulso a mais? Os resultados mostram que sim. Basta lembrar a histórica campanha da Coreia do Sul em 2002. De fato, em seis ocasiões, o país organizador venceu o torneio. Suécia e Inglaterra só conseguiram chegar à final quando sediaram o evento”, diz o estudo.
Elemento surpresa
Com maior grau de subjetividade, o modelo macroeconométrico apontou, pela observação histórica, que cada Copa tem sua “zebra”, normalmente seleções da África ou da Ásia, com menor tradição no futebol, que passam da primeira fase. “Desde a Copa de 1990, na Itália, sempre tivemos uma seleção africana alcançando pelo menos as oitavas de final (Camarões, Senegal, Gana, Nigéria), e em quase todas tivemos uma seleção asiática (Japão, Coreia). Assim, para manter essa tendência, impusemos ao modelo que uma seleção africana e uma asiática se classificarão às oitavas de final do torneio. Examinando o desempenho das eliminatórias nessas regiões e fazendo uma análise qualitativa dos grupos e dos times, concluímos que os classificados serão Costa do Marfim e Irã”.
Quem cai, quem avança
Os economistas avaliaram os dados das copas realizadas desde 1994 e com base nos resultados e no potencial de cada grupo, apontam quem será abatido de início e quem segue às fases classificatórias. “Na primeira fase, os grandes favoritos avançam, com exceção da Inglaterra, que sucumbe aos tradicionais Itália e Uruguai no chamado ‘grupo da morte’. Nas oitavas, nomes mais fortes, como Colômbia, México e Rússia, vão ficando pelo meio do caminho”.
Com todos os dados à mesa, os economistas estimam, inclusive, quem leva vantagem quando gigantes europeus jogarem entre si. “Um embate apertado acontece nas quartas de final, entre Itália e Espanha. A Itália, tetracampeã mundial, é uma das seleções mais tradicionais da Copa. Mas a Espanha é a atual campeã e líder do ranking da FIFA. Além disso, aplicou um sonoro 4x0 na Itália na final da última Eurocopa. Dessa forma, se estivermos certos, a Itália cai nas quartas de final do torneio”.
Evitando ir além das semifinais, os economistas deixam a final entregue aos céus. “Brasil, Espanha, Argentina e Alemanha se encontram nas semifinais. Será histórico! Em jogo, 11 títulos mundiais e rivalidades tão grandes quanto o próprio torneio. A partir daqui, não nos arriscamos a fazer projeções: será a vontade dos deuses do futebol”.
O estudo completo, com a tabela dos potenciais vencedores, pode ser acessado no endereço eletrônico https://www.itau.com.br/itaubba-pt/analises-economicas/publicacoes/macro-visao/copa-do-mundo-da-fifa-brasil-2014-quem-tem-mais-chances .
