Entretenimento

"Música é como respirar": Com dez anos de carreira, artista alagoano conta experiência com arte de rua e novos projetos

Eduardo Pereira se apresenta nas ruas do Comércio e consolida carreira com o disco "Canções de Amor ao Vento"

Por Ylailla Moraes* 04/04/2024 12h12 - Atualizado em 04/04/2024 16h04
'Música é como respirar': Com dez anos de carreira, artista alagoano conta experiência com arte de rua e novos projetos
Eduardo Pereira / Artista Alagoano - Foto: Arquivo Pessoal

Eduardo Pereira é um artista alagoano de 28 anos. De forma despojada e calma, características de sua personalidade e que ele incorpora às suas obras, chega aos 10 anos de carreira e fala da sua jornada no mundo artístico: "Música é como respirar". 

Desde seus primeiros dias com um violão nas mãos, Eduardo conta que encontrou nas composições uma forma de manifestar os sentimentos. Tudo isso foi influenciado por um meio familiar simples e com um gosto musical muito diverso. Ele cresceu ouvindo uma variedade de estilos, e carrega também essa pluralidade em suas inspirações: "Eu cresci ouvindo de tudo, de Aviões do Forró a Bob Dylan", e completa que sua mãe sempre foi uma grande influenciadora: “Ela comprou um violão pra mim, teve uma vez até que eu fui roubado levando o meu violão, ela comprou outro, sabe, ela insistiu”, diz orgulhoso.

“As ruas foram minha faculdade”

Entre as ruas da capital alagoana, onde se apresentava para ganhar um pouco de dinheiro, Eduardo diz que aprendeu muito e amadureceu como artista. Tudo começou quando, em 2019, morando com sua tia, ele sentiu a necessidade de ajudar com as despesas e buscar uma forma de sustento: “A arte de rua é um jeito urgente de conseguir o troquinho nosso de cada dia, sabe? aquele dinheirinho do pão”.


 “Eu tinha uma caixa de som, um violão elétrico e eu sabia tocar, sabia cantar, tinha algum conhecimento   musical”, e foi assim que mais uma parte da sua história começou, com uma caixinha de som, o violão nas costas e bastante disposição, Eduardo desceu a ladeira da Praça Centenária e chegou até a Praça da Catedral, no Centro de Maceió. Foi na esquina da Praça que Eduardo fez sua primeira apresentação nas ruas. “Por que ali? Porque aquele poste tem uma tomada então eu ficava ali, colocava uma extensão e ficava lá cantando”.


No primeiro dia, ele conseguiu R$50. Depois seguiu para as ruas do Comércio, no Centro de Maceió, agora com caixinhas com bateria, melhorando pouco a pouco seus equipamentos de trabalho e explorando novos pontos da cidade para se apresentar: “E aí eu comecei a ir para o calçadão, e do calçadão foi pra orla”.

O furto inesperado e seu novo trabalho autoral:


Atualmente, Eduardo foi obrigado a parar com seus trabalhos como artista de rua, após ser furtado, quando saia para mais um dia de trabalho. “Estava indo pro Centro, pra cantar. Daí, sempre que eu vou sair pra trabalhar, eu coloco a caixa na calçada, aí eu volto, pego o violão, as coisas, porque é muita coisa, e não consigo passar com tudo pelo corredor. Aí eu pego a caixa e desço para ir cantar”. Eduardo diz que faz isso há anos, mas que dessa vez “não foi seu dia”.

O furto aconteceu no fim do ano de 2023 e com a falta do material para sair para o trabalho, Eduardo precisou pensar em novas alternativas para continuar na música. Foi então que deu vida a um projeto que já estava planejando há alguns anos.

Ele agora vende um CD físico, contendo suas letras, artes personalizadas de artistas amigos seus de diversas regiões do país, uma paleta de cores  própria da sua persona musical e três formas de acesso às canções: através do CD físico, de um link que pode ser digitado no navegador e um QR code que leva diretamente às “Canções de amor ao vento”, título que é dado ao seu novo álbum, que contém 12 músicas autorais.


Eduardo fala sobre o processo de criação de cada material: “Cara, eu tô fazendo isso sozinho, essa foto eu tirei [ se referindo a foto de capa do álbum], eu botei o tripezinho na minha frente. Esse design, eu que fiz. Essa letra é minha”. Ele diz que também contou com a colaboração de alguns amigos, para algumas fotos.

O material completo, é vendido diretamente pelas mãos do artista, nas ruas da cidade, ou através das suas redes sociais: @duardpereira e (82) 9643-6508.

Próximas apresentações:


Toda a paixão de Eduardo e conexão com a música poderá ser notada presencialmente, nas próximas aparições de Eduardo. A próxima apresentação será nesta sexta-feira (5), às 18h, no restaurante Casa de Vó, localizado no Centro, rua Santos Pacheco, 261.

“Cara, ultimamente eu ando nessa de investir em apresentações especiais, e a casa de vó foi um lugar que abraçou essa minha ideia e vou fazer esse especial Tropicália lá”, diz ele, contando que o repertório vai ser bastante diverso, incluindo músicas de artistas como Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e os Mutantes.

Além disso, está sendo preparado um especial Belchior para o dia 04 de maio, na Kero Mais Sandubaria, na Ponta da Terra, Rua Campos Teixeira, 921. Ele diz que está bastante empolgado, já que essas apresentações representam uma nova fase na sua carreira: “Belchior é um artista que eu amo de paixão, assim, e sempre me identifiquei muito. Cantar Belchior pra mim é cantar sobre mim, sabe? Minha vida tá naquelas letras, naquele jeito de dizer, naquele jeito de mostrar, naquelas palavras. Então é sempre um prazer muito grande, assim, pra mim cantar Belchior, e tô muito feliz realmente de estar tendo essa oportunidade”, finaliza.

*Estagiária sob supervisão