Economia

Novo salário mínimo deve movimentar R$ 81,7 bilhões na economia brasileira em 2026

Reajuste de 6,79% alcança quase 62 milhões de pessoas e fortalece o consumo interno

Por Redação* 23/12/2025 15h03
Novo salário mínimo deve movimentar R$ 81,7 bilhões na economia brasileira em 2026
Dinheiro - Foto: José Cruz/Agência Brasil

O reajuste do salário mínimo para R$ 1.621, com vigência a partir de 1º de janeiro de 2026, deverá injetar cerca de R$ 81,7 bilhões na economia brasileira ao longo do próximo ano. A estimativa é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e considera o impacto direto do aumento sobre a renda de milhões de brasileiros.

O novo valor representa uma elevação nominal de 6,79% em relação ao piso anterior. O cálculo do reajuste segue a Lei nº 14.663/2023, que institui a política permanente de valorização do salário mínimo, respeitando os limites fiscais definidos pela Lei Complementar nº 200/2023.

A correção leva em conta a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que acumulou alta de 4,18% entre dezembro de 2024 e novembro de 2025, além do crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, limitado ao teto fiscal de 2,5%.

Atualmente, cerca de 61,9 milhões de pessoas no país têm rendimentos atrelados ao salário mínimo. Com o reajuste, a massa adicional de renda circulando na economia alcançará R$ 81,7 bilhões, estimulando o consumo de bens e serviços e impulsionando setores como comércio, transporte e prestação de serviços.

Caso ainda estivesse em vigor a regra anterior, que permitia o repasse integral do crescimento do PIB, de 3,4%, o salário mínimo chegaria a R$ 1.636. Nesse cenário, a injeção de recursos na economia seria de aproximadamente R$ 93,7 bilhões, o que representa R$ 12 bilhões a mais.

Impacto na Previdência


O aumento do piso nacional tem efeito direto sobre os gastos previdenciários. Atualmente, 70,8% dos beneficiários da Previdência Social recebem até um salário mínimo. Segundo estimativas, cada real de reajuste gera um acréscimo anual de R$ 380,5 milhões nas despesas do sistema.

Com o aumento de R$ 103 no valor do salário mínimo, o impacto anual sobre a Previdência será de aproximadamente R$ 39,1 bilhões. Parte desse montante, no entanto, retorna à economia por meio do consumo e da arrecadação de tributos, contribuindo para o dinamismo econômico.

Dimensão social


Desde 2002, o salário mínimo no Brasil apresenta uma trajetória de valorização real. Naquele ano, o valor era de R$ 200 e, em 2026, alcançará R$ 1.621, o que representa um ganho real acumulado próximo de 100%, considerando a inflação do período.

Além de servir como referência para trabalhadores formais e informais, o salário mínimo influencia diretamente benefícios previdenciários, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e vencimentos de servidores públicos. A política de valorização contribui ainda para a redução das desigualdades salariais entre regiões, gêneros e grupos sociais.

Poder de compra


Em 2025, o salário mínimo permitia a compra de 1,75 cesta básica na cidade de São Paulo. Com o novo reajuste, essa relação sobe para 1,93 cestas básicas por salário mínimo, o maior patamar desde 2019, indicando melhora no poder de compra das famílias de menor renda.

O novo valor do salário mínimo não apenas eleva a renda de milhões de brasileiros, como também atua como um importante indutor do crescimento econômico, especialmente em um cenário de forte dependência do consumo doméstico. Mesmo diante das restrições fiscais, a política de valorização do piso salarial segue como instrumento central de inclusão social e estímulo à economia nacional.

*Com informações do ICL Noticias