Economia

Moda dos BRICS ganha impulso econômico com fortalecimento de marcas locais

Plataformas internacionais ampliam exportações, estimulam a economia criativa e consolidam novos polos globais da indústria da moda

Por Redação* 17/12/2025 10h10
Moda dos BRICS ganha impulso econômico com fortalecimento de marcas locais
BRICS+ Fashion Summit - Foto: Assessoria

As marcas locais de países emergentes vêm ganhando força em plataformas internacionais como a Semana de Moda de Moscou e o BRICS+ Fashion Summit, refletindo um movimento de consolidação econômica e cultural fora dos tradicionais centros globais da moda. A América Latina, em especial, amplia sua presença nesse cenário ao articular identidade, artesanato, tecnologia e geração de renda dentro da economia criativa.

O mercado latino-americano de vestuário e acessórios apresenta crescimento contínuo. De acordo com a Euromonitor, as vendas na região são impulsionadas pelos canais digitais e pela ampliação da demanda do consumidor. No Brasil, o setor têxtil e de vestuário tem peso estratégico na economia nacional, com mais de 1,5 milhão de trabalhadores empregados e produção anual estimada em 9 bilhões de peças. A expansão de marcas locais, o aumento das exportações e a digitalização sustentam o ritmo positivo do segmento.

De São Paulo à Cidade do Cabo, economias emergentes utilizam a moda como instrumento de diálogo econômico e cultural. Nesse contexto, as iniciativas vinculadas ao BRICS avançam ao reunir países que historicamente estiveram à margem das capitais tradicionais da moda. A Semana de Moda de Moscou e o BRICS+ Fashion Summit passaram a funcionar como plataformas integradas para indústrias da moda dos países do bloco e de outros mercados em rápido crescimento, com destaque para a participação latino-americana nesta edição.

A brasileira Mayari Jubini, fundadora da marca Artemisi, que participou da Semana de Moda de Moscou, avaliou que eventos desse porte criam oportunidades que “impulsionam colaborações transfronteiriças, inspiram novas perspectivas e destacam a relevância da autenticidade como um valor essencial para o futuro da indústria”. Já a estilista guatemalteca Mariandrée Gaitán apresentou uma coleção que uniu motivos tradicionais a uma leitura contemporânea. O evento também reuniu designers da China, Índia, África do Sul, Espanha, Rússia e outros países.

Realizado de forma simultânea à Semana de Moda de Moscou, o BRICS+ Fashion Summit concentrou-se no compartilhamento de experiências, no desenvolvimento de novos modelos de cooperação e no fortalecimento de mercados emergentes. Relatórios do setor indicam que, em 2024, os mercados de moda dos países do BRICS registraram crescimento mais robusto do que a Europa, que apresentou estagnação ou leve retração. O relatório O Estado da Moda 2025, da McKinsey em parceria com o BoF, aponta que a Europa enfrenta “desaceleração e resistência”, enquanto os mercados emergentes seguem como principais vetores de expansão do setor.

Na América do Sul, o crescimento ocorre de forma estável. O mercado de moda de luxo da região ultrapassa 10 bilhões de dólares, com projeção de expansão anual de 4,95%. Consumidores demonstram preferência por marcas locais, que desenvolvem coleções baseadas em técnicas artesanais e em características étnicas regionais. A estratégia dos países do BRICS+ tem sido ampliar sua influência de maneira coordenada, priorizando o fortalecimento de marcas nacionais.

“As marcas locais estão cada vez mais influentes porque os consumidores buscam autenticidade, especificidade cultural e práticas sustentáveis, áreas em que as marcas menores e com raízes locais costumam se destacar. As mídias sociais e o comércio eletrônico reduziram as barreiras para que essas marcas alcancem o público global sem perder sua identidade local”, afirma Amanda Mendonça, secretária executiva do conselho de moda do Rio, da prefeitura do Rio de Janeiro.

A plataforma de Moscou consolidou-se como um dos poucos espaços onde profissionais da indústria da moda puderam interagir diretamente com pares da Ásia, do Oriente Médio e da África. Para Paulo Borges, fundador e diretor criativo da São Paulo Fashion Week, “o BRICS+ Fashion Summit é uma plataforma de comunicação muito importante para os países emergentes, pois propõe visões novas e diversas, além de maneiras pelas quais a moda pode prosperar e ser uma ferramenta transformadora para todos”.

Eventos desse tipo evidenciam a descentralização da indústria da moda e reforçam o surgimento de novos polos culturais e econômicos. Cidades como Moscou e São Paulo passam a ocupar posição estratégica nesse rearranjo global, enquanto o BRICS+ Fashion Summit contribui para a formação de uma rede internacional que permite a designers latino-americanos ampliar conexões com mercados da Ásia e da Europa, sem intermediários ou estruturas hierárquicas tradicionais.

*Com informações da Assessoria