Economia
Galípolo diz que Banco Central “não briga com dados” e reafirma compromisso com meta de 3%
Presidente do BC responde críticas de Gleisi Hoffmann e defende decisões do Copom com base em evidências
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (12) que a instituição mantém seu compromisso com a meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ele destacou que as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) são baseadas em dados e evidências, e não em pressões políticas.
A declaração foi uma resposta às críticas da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que considerou insatisfatória a condução da política monetária após o Copom manter a taxa Selic em 15% na última reunião. “Todo mundo pode brigar com o Banco Central. O Banco Central que não pode brigar com os dados”, afirmou Galípolo.
Segundo ele, o BC tem um dos mandatos mais claros entre as instituições públicas, e sua atuação está focada exclusivamente no controle da inflação. Galípolo evitou comentar diretamente sobre política fiscal, mas ressaltou que o impacto dessa política sobre a inflação é monitorado com atenção.
O presidente do BC também reforçou que a comunicação da instituição é guiada por uma postura “humilde e modesta diante da incerteza” e que os comunicados não antecipam decisões futuras, apenas refletem a leitura atual do cenário econômico.
Na ata da última reunião, o Copom afirmou que o atual nível da Selic, mantido por “período bastante prolongado”, é suficiente para cumprir a meta de inflação. O colegiado não indicou quando poderá iniciar o ciclo de cortes na taxa básica.
O diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, destacou que o ambiente externo segue incerto, com influência das tarifas comerciais dos Estados Unidos, da situação fiscal global e das indefinições sobre os próximos passos do Federal Reserve após o shutdown do governo americano.
No cenário doméstico, Guillen observou uma desaceleração da atividade econômica, especialmente em setores menos cíclicos, embora o mercado de trabalho permaneça aquecido. A taxa de desocupação atingiu o menor nível histórico.
Galípolo e Guillen também comentaram sobre a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil. Segundo eles, os impactos ainda são preliminares e foram incorporados às projeções do BC com cautela.


