Economia

Mulheres alagoanas lideram transformação no semiárido com apoio da Embrapa

Projeto fortalece agricultura familiar, turismo sustentável e protagonismo feminino em comunidades rurais

Por Esther Barros 25/08/2025 05h05 - Atualizado em 25/08/2025 05h05
Mulheres alagoanas lideram transformação no semiárido com apoio da Embrapa
. - Foto: Foto Elias Rodrigues

O projeto Paisagens Alimentares, coordenado pela Embrapa Alimentos e Territórios Alagoas em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), vem impulsionando mudanças significativas no semiárido nordestino. 

Em Alagoas, mulheres de comunidades rurais assumem a liderança em iniciativas que unem agricultura familiar, turismo comunitário e preservação ambiental.

Voz das agricultoras


No assentamento Olho D’Água do Casado, em Palmeira dos Índios, a agricultora Ana Paula Ferreira, de 38 anos, coordena um grupo de oito mulheres. Para ela, o projeto trouxe reconhecimento e novas oportunidades:

“É transformador. Hoje conseguimos mostrar ao visitante o valor da agricultura familiar e a beleza do nosso território”, disse.

A comunidade agora alia a produção agroecológica a experiências turísticas ligadas aos cânions do São Francisco, atraindo visitantes e envolvendo jovens que antes se afastavam do campo.

Gastronomia e inovação


Em Sergipe, a marisqueira Anatália Costa Neto (Nat), da Associação das Mulheres Empoderadas de Terra Caída, transformou tradições em negócio. O hambúrguer de aratu, prato típico da região, ganhou destaque após capacitações do projeto e rendeu a ela o prêmio Mulher de Negócio.
Além disso, Nat e suas companheiras diversificaram a renda com produtos como biscoitos de capim-santo, geleias de mangaba e compotas caseiras.

Impacto coletivo


O Paisagens Alimentares já envolveu diretamente mais de 500 participantes em oficinas, imersões e intercâmbios, alcançando um impacto estimado em 5 mil pessoas. Segundo a Embrapa, o protagonismo feminino foi um dos principais diferenciais.

“Coincidentemente, todas as lideranças são femininas. Foram elas que puxaram associações, organizaram vivências e estimularam a produção agroecológica”, destacou Aluísio Goulart Silva, supervisor de inovação da Embrapa.

Valorização da caatinga


Em Palmeira dos Índios, o projeto também estimulou a criação de artesanato com recursos da caatinga, reforçando a conservação ambiental.

“Descobrimos que a caatinga não está morta na seca. Podemos aproveitá-la o ano todo e preservar ainda mais as árvores nativas”, relatou Ana Paula.

Desenvolvimento sustentável com liderança feminina

Com três anos de atuação, o projeto conecta saberes tradicionais, gastronomia e turismo sustentável. As histórias de Ana Paula e Nat exemplificam como mulheres do semiárido nordestino estão abrindo novos caminhos para suas comunidades garantindo renda, preservação e visibilidade.