Economia
Brasil negocia com EUA para excluir café da tarifa de 50%
EUA sinalizou dias atrás que “recursos naturais” poderiam ser isentos; negociações brasileiras, lideradas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, continuam

O governo brasileiro mantém a expectativa de que o café seja incluído em uma possível lista global de exceções às tarifas de importação anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou o jornal O Globo nesta sexta-feira (1º). A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, oficializada na quarta-feira (30), não poupou o café, que continua entre os itens tarifados, ao lado de carnes e pescados.
A esperança de mudança vem após o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmar que “recursos naturais” importados de diferentes países poderiam ser isentos das novas tarifas. Ele não citou nações específicos, mas mencionou diretamente café e manga. A medida, se confirmada, beneficiaria também produtos como manga, cacau e abacaxi, que não são cultivados nos EUA.
Segundo Lutnick, essa isenção normalmente é concedida no contexto de acordos bilaterais, o que não ocorreu no caso do Brasil.
O café é o principal produto brasileiro exportado para os EUA, representando cerca de 33% do consumo americano. Entre janeiro e maio deste ano, 17% de todo o café exportado pelo Brasil teve como destino o mercado americano. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), foram embarcadas 3,3 milhões de sacas para os EUA no primeiro semestre, de um total superior a 8 milhões exportadas em 2024.
Segundo especialistas, boa parte da produção pode ser destinada a outros países, ou triangulada na cadeia global para chegar aos EUA sem ser taxada, mas a operação leva tempo. Por isso, inclui-lo na longa lista de exceções continua sendo desejado.
Nesta sexta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o país não pretende retaliar os EUA, e que é possível estreitar os laços entre os dois países “desde que seja bom para os dois lados”. O ministro sinalizou que as negociações continuam. Ontem, ele havia falado que a assinatura da ordem que institui a tarifa contra o Brasil não finaliza, mas inicia uma nova fase de conversas.
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros está prevista para começar em 6 de agosto. O governo estima que aproximadamente 45% das exportações ficaram livres do tarifaço, portanto estarão sujeitas a alíquota de 10% definida ao Brasil como “tarifa recíproca” pelos EUA.
