Economia

PIB sobe 0,2% no 2º trimestre, puxado pelo consumo das famílias

Por G1 01/09/2017 11h11
PIB sobe 0,2% no 2º trimestre, puxado pelo consumo das famílias

A economia brasileira cresceu 0,2% no segundo trimestre de 2017, na comparação com os três primeiros meses do ano, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (1º). Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 1,639 trilhão.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. No primeiro trimestre, a economia avançou 1,0%, interrompendo uma sequência de dois anos de PIB negativo.

Frente ao segundo trimestre de 2016, o PIB cresceu 0,3%. Foi a primeira alta após 12 baixas seguidas. A última vez que a taxa ficou positiva nesta base de comparação foi no primeiro trimestre de 2014, quando avançou 3,5%.

IBGE não vê recuperação; economistas discordam

“É uma variação positiva. A gente nem chama de crescimento. Apontamos crescimento quando é superior a 0,5%”, ponderou coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de La Rocque Pali. “A gente vai ver que estamos num ciclo ascendente da economia. Mas ainda não dá para chamar de recuperação”, acrescentou.
'Estamos num ciclo ascendente da economia. Mas ainda não dá para chamar de recuperação', diz a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca de La Rocque Pali.

No entanto, para economistas ouvidos pelo G1, o resultado do PIB do segundo trimestre mostra que há sinais de uma recuperação consistente da economia.
“A gente percebe que esse maior dinamismo do consumo está batendo nos serviços, e temos mais fundamentos daqui pra frente para o crescimento consistente da economia”, diz Alessandra Ribeiro, economista da Tendências.


Observando a taxa acumulada nos últimos quatro trimestres, diz Rebeca, do IBGE, é possível perceber que a retração da economia atingiu seu ponto mais baixo da série histórica no 2º trimestre do ano passado. "Desde então, ela está crescendo".

Na comparação com o 2º trimestre de 2016, o grande destaque positivo ainda é a agropecuária, que apresentou alta de 14,9%, destacou Rebeca. Já no acumulado de quatro trimestres, a economia encolheu 1,4% ante os quatro trimestres imediatamente anteriores.


No primeiro semestre de 2017, o PIB ficou estável (0,0%) frente ao primeiro semestre de 2016, após uma queda de 2,7%. As atividades que mais puxaram a alta foram a agropecuária (15%) e a indústria extrativa mineral (7,8%). “Desconsiderando as demais atividades, o PIB teria crescido 0,9% no semestre”, apontou Rebeca.

Indústria recua puxada por construção

Pelo lado da oferta, a indústria recuou 0,5% frente ao primeiro trimestre, após ter subido 0,7% no trimestre anterior. O destaque negativo foi a construção civil, que recuou 2,0%. Na comparação com igual trimestre de 2016, foi o 14º resultado de queda. O último crescimento do setor ocorreu no primeiro trimestre de 2014, de 7,8%.
O destaque negativo da indústria foi a construção civil, que recuou 2,0% e teve efeito sobre os gastos do governo, que também caíram.


Segundo Rebeca, a construção tem impacto direto do consumo do governo, que também caiu. "Sabemos que o corte de investimentos em infraestrutura, por conta do ajuste fiscal, está disseminado entre as três esferas do governo, principalmente federal e estaduais. Investimento é o mais fácil de cortar", disse.


Na indústria, também recuou a na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (1,3%). Já a indústria extrativa mineral subiu 0,4%, enquanto a de transformação avançou 0,1%.

Serviços avança com ajuda do comércio

O setor de serviços, que representa cerca de 70% do PIB, cresceu 0,6% e deu a maior contribuição para o resultado, destaca a coordenadora do IBGE. Destacou-se a alta do comércio (1,9%), que segundo Rebeca "foi beneficiado pelo aumento do consumo das famílias”.

Também se destacaram as atividades imobiliárias e outros serviços (0,8%) e atividade de transporte, armazenagem e correio (0,6%). Os serviços de informação caíram 2,0% e as atividades de administração, saúde e educação pública (-0,3%) e de intermediação financeira e seguros (-0,2%) tiveram variações negativas.

Contudo, na comparação com o mesmo trimestre de 2016, serviços teve retração de 0,3%, na 10ª queda seguida no PIB.

Agropecuária fica estável após ótimo desempenho

A agropecuária não variou (0,0%) no segundo trimestre, após uma trajetória de três trimestres seguidos de alta, chegando a crescer 11,5% no primeiro trimestre e impulsionando o PIB do período.

Rebeca destacou que nos três primeiros meses do ano, a safra foi destinada mais ao estoque que às exportações. Já no segundo trimestre, teve aumento da exportação. “Até porque não tem mais lugar para estocar”.

Mais: Em que patamar estamos? Economia reage, mas segue longe do pré-crise

Ela destacou, ainda, que a contribuição da agricultura na formação do PIB nos próximos dois trimestres do ano será menor. “Cerca de 70% da safra prevista para o ano já foi colhida no primeiro semestre. Então, restam apenas 30% para o segundo semestre”.

Consumo das famílias é destaque

Pela ótica da despesa, o destaque foi a expansão de 1,4% do consumo das famílias, que voltou a crescer após oito trimestres de retração e um de variação nula. Foi o primeiro avanço desde o primeiro trimestre de 2014, quando variou 1,6%. O IBGE revisou este dado, que havia sido negativo em 0,1% na divulgação anterior.

Embora a maior parte das famílias tenha usado o dinheiro do FGTS para pagar dívidas ou poupar, parte dele foi usado no consumo, diz a coordenadora do IBGE.

Rebeca apontou que o consumo foi beneficiado por "uma junção de fatores positivos" que compensaram os números do mercado de trabalho. Ela citou o crescimento de 2,3% da massa salarial real, a queda da Selic, a inflação mais baixa e o crescimento nominal de 1,8% do saldo de operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional.

“Além disso, teve a liberação das contas inativas do FGTS. Embora a maior parte das famílias tenha usado esse dinheiro para pagar dívidas ou poupar, parte dele foi usado no consumo”.
O consumo das famílias, segundo a coordenadora do IBGE, não chegou a ajudar o setor de construção porque o consumo do setor imobiliário tem efeitos mais no médio e longo prazo.

Rebeca destacou que nos três primeiros meses do ano, a safra foi destinada mais ao estoque que às exportações. Já no segundo trimestre, teve aumento da exportação. “Até porque não tem mais lugar para estocar”.

Ela destacou, ainda, que a contribuição da agricultura na formação do PIB nos próximos dois trimestres do ano será menor. “Cerca de 70% da safra prevista para o ano já foi colhida no primeiro semestre. Então, restam apenas 30% para o segundo semestre”.

Consumo das famílias é destaque

Pela ótica da despesa, o destaque foi a expansão de 1,4% do consumo das famílias, que voltou a crescer após oito trimestres de retração e um de variação nula. Foi o primeiro avanço desde o primeiro trimestre de 2014, quando variou 1,6%. O IBGE revisou este dado, que havia sido negativo em 0,1% na divulgação anterior.

Embora a maior parte das famílias tenha usado o dinheiro do FGTS para pagar dívidas ou poupar, parte dele foi usado no consumo, diz a coordenadora do IBGE.


Rebeca apontou que o consumo foi beneficiado por "uma junção de fatores positivos" que compensaram os números do mercado de trabalho. Ela citou o crescimento de 2,3% da massa salarial real, a queda da Selic, a inflação mais baixa e o crescimento nominal de 1,8% do saldo de operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional.


“Além disso, teve a liberação das contas inativas do FGTS. Embora a maior parte das famílias tenha usado esse dinheiro para pagar dívidas ou poupar, parte dele foi usado no consumo”.

O consumo das famílias, segundo a coordenadora do IBGE, não chegou a ajudar o setor de construção porque o consumo do setor imobiliário tem efeitos mais no médio e longo prazo.