Cooperativismo

Após impedir cooperativas de votarem, eleição na OCB Alagoas será judicializada

Cooperados se uniram para formar chapa e enfrentar a atual presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado de Alagoas

Por Redação 30/03/2022 11h11 - Atualizado em 31/03/2022 21h09
Após impedir cooperativas de votarem, eleição na OCB Alagoas será judicializada
Sede da OCB Alagoas, em Maceió - Foto: Google Maps

A Eleição da Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado de Alagoas (OCB/AL) continua dando o que falar. Após ter sua assembleia suspensa, agora várias cooperativas alagoanas tiveram que entrar na justiça para poder participar da votação.

Isso porque conforme denúncias feitas no último dia 3 de março ao Jornal de Alagoas, cooperativas de vários segmentos do estado estariam tendo dificuldades em regularizar sua situação junto à OCB/AL. A regularização é importante para a participação ativa das cooperativas na Assembleia Geral da entidade. A atual presidente da OCB/AL, Márcia Túlia, está na disputa para se manter no cargo.

Aldemar Monteiro, presidente da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA) foi um dos que recorreram a justiça para poder ter o poder de voto e de formar uma nova chapa, denominada “Muda OCB Alagoas”.

“Existe uma dificuldade muito grande das cooperativas para poder participar, isso é muito ruim e o cooperativismo de Alagoas é muito grande, muito abrangente e é importante que todas as cooperativas participem desse projeto que a OCB pode oferecer para todos os cooperados e para todas as cooperativas” disse.

Antonino Cardozo, presidente da Cooperativa dos Agricultores e Empreendimentos Solidários (Coopaíba) e da Unicafes/AL, também reclamou da dificuldade para ter o poder de voto. “As cooperativas que têm construído o movimento cooperativista em Alagoas têm sido reiteradamente proibidas de participar das assembleias, da própria organização, porque nos temos aqui em Alagoas um sentimento muito claro que é alguém que se sente dono da OCB”.

“E é por isso que a Coopaiba quer participar, nós vamos judicializar a questão, porque nós compreendemos que isso é um direito nosso, fortalecer o cooperativismo é um dever e uma obrigação de todas as cooperativas de Alagoas e nós não podemos admitir que gestos ou atitudes como estas prevaleçam no nosso cooperativismo. A OCB não tem dono a não ser as cooperativas de Alagoas”.

Rômulo Dantas, presidente da Copaq também faz parte do movimento para mudar a OCB. “Irei participar, apoio esse movimento Muda OCB Alagoas, por uma OCB mais participativa, inclusiva, com a cara das cooperativas da agricultura familiar, do ramo do trabalho, de todos os segmentos, para pensar o cooperativismo”.

Francisco de Souza Irmão, mais conhecido como Chico da Capial, presidente da Cooperativa Capial, também reclamou do tratamento da OCB com os cooperados e com os demandos da atual administração. “Estamos em dias, mesmo assim a gente não pode a gente não pode votar. Eu acho que Alagoas e a OCB é para todas as cooperativas. A OCB não pode ser uma casa particular do seu presidente. A OCB tem que atender a todas as cooperativas do estado”.

“Por isso que eu convoco a todos os amigos cooperativistas: vamos nos unir, pra que a gente possa trazer uma nova diretoria pra cooperativa, com outros pensamentos de desenvolvimento sustentável do cooperativismo alagoano porquê é o cooperativismo que vai trazer o desenvolvimento com sustentabilidade do estado de Alagoas e principalmente dos nossos agricultores que precisam de muito apoio nesse momento” pediu.

Entenda


Após uma decisão da Justiça, tomada no dia 10 de fevereiro, a OCB foi obrigada a cancelar a sua Assembleia. Segundo o processo, das 74 cooperativas que fazem parte da OCB/AL, somente 39 estariam regulares de forma financeira e documental, pelos critérios da organização.

No entanto, no site aparecem apenas 60 cooperativas. E em documento oficial no dia 18 de fevereiro, a OCB disse que apenas 32 estariam regularizadas. Uma preocupação a mais para as cooperativas que buscam mais transparência no processo.

Foi determinado, à época, que a OCB/AL notificasse as cooperativas consideradas irregulares, concedendo a todas um prazo de 30 dias para regularizarem suas dívidas e documentação e somente após isso, realizar uma nova convocação.

Na decisão da Justiça, a OCB/AL é questionada por não informar no edital de convocação para a Assembleia, quais cooperativas estão regulares, não havendo assim tempo hábil para que elas se regularizem ou levantem a documentação comprovando a não existência de dívidas ou a falta de documentação.

Tentamos contato com a assessoria da OCB/AL e não conseguimos resposta. O espaço está aberto e a matéria será atualizada quando for enviada uma posição da organização.