O que micro-organismos escondidos no gelo dos polos podem nos ensinar sobre o futuro da Terra? Essa é uma das premissas do livro Polar Microbes and Climate Change, obra publicada pela editora internacional Springer e organizada pelo professor Alysson Duarte, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no Campus Arapiraca.

O livro conecta a microbiologia polar à ciência climática, revelando como seres invisíveis a olho nu conseguem sobreviver a condições extremas, como frio intenso, radiação UV e escassez de nutrientes e, também, como essa resiliência pode oferecer soluções para um futuro sustentável.

Ciência de Alagoas para o mundo

Dividida em 14 capítulos, a obra contou com a colaboração de pesquisadores da República Tcheca e da Índia. O grupo liderado pelo professor Alysson foi protagonista na produção, escrevendo cinco dos capítulos principais.

A construção do material também envolveu uma forte base acadêmica local, incluindo alunos de Medicina e Ciências Biológicas do Campus Arapiraca, além de mestrandos e doutorandos de diversos programas da UFAL e de outras universidades brasileiras como Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Estadual de Paulista (UNESP).

Temas centrais e soluções biotecnológicas

O livro aborda três eixos principais, a adaptação ao frio, para entender como os micróbios se ajustam geneticamente às baixas temperaturas, mudanças climáticas, qual o impacto do aquecimento global nas comunidades microbianas e o problema emergente dos microplásticos nos polos e, biotecnologia, no estudo do uso desses organismos para mitigar crises ambientais e os ciclos de carbono e nitrogênio.

"Buscamos sempre uma aplicação para problemas reais com micro-organismos ainda pouco conhecidos", afirma o professor Alysson Duarte.

A liderança de Duarte no projeto reflete sua trajetória: o professor já participou de três expedições à Antártica (2013, 2017 e 2022). Atualmente, suas pesquisas em Alagoas buscam aplicar o conhecimento desses organismos na agricultura, na produção de enzimas e em substâncias com ação antioxidante e fotoprotetora.

As pesquisas que embasam o livro contam com suporte financeiro da Fapeal, Capes e CNPq, reforçando o papel das agências de fomento na produção científica de alto nível no interior do estado.