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Estudo aponta que consumo diário moderado de café pode retardar envelhecimento celular

Pesquisa indica que até quatro xícaras por dia estão associadas a telômeros mais longos em pessoas com transtornos mentais graves

Por Redação* 06/12/2025 14h02
Estudo aponta que consumo diário moderado de café pode retardar envelhecimento celular
Dentro do recomendado, o café oferece uma série de benefícios para a saúde. - Foto: Unsplash

O consumo moderado de café é amplamente associado a ganhos para a saúde, incluindo melhora da concentração, do desempenho físico e ação anti-inflamatória devido aos antioxidantes presentes na bebida. Agora, um estudo divulgado no fim de novembro pela revista BMJ Mental Health revela que beber até três ou quatro xícaras por dia pode retardar o envelhecimento biológico em indivíduos com doenças mentais graves.

Segundo a pesquisa, o consumo moderado de café aumentou o comprimento dos telômeros — estruturas que protegem os cromossomos e funcionam como indicadores de envelhecimento celular — garantindo aos participantes o equivalente a cinco anos biológicos extras em comparação aos que não consumiam a bebida.

Os telômeros encurtam naturalmente com o passar do tempo, mas esse processo pode ser acelerado por diferentes fatores. Estudos anteriores apontam que transtornos psiquiátricos graves, como psicose, esquizofrenia e transtorno bipolar, estão entre os elementos que contribuem para esse desgaste acelerado.

O estudo analisou 436 adultos participantes do projeto norueguês TOP, conduzido entre 2007 e 2018. Entre eles, 259 tinham esquizofrenia, enquanto 177 apresentavam transtornos afetivos — como transtorno bipolar ou depressão maior com psicose. Os voluntários relataram a quantidade de café consumida diariamente e foram divididos entre quatro grupos: zero xícaras (44 participantes), 1–2 xícaras, 3–4 xícaras (110 participantes) e 5 ou mais xícaras. Também houve registro sobre tabagismo.

Os resultados mostraram que quem bebia 5 xícaras ou mais por dia era significativamente mais velho do que os grupos que consumiam menos. Além disso, pessoas com esquizofrenia relataram maior consumo de café que as diagnosticadas com transtornos afetivos.

A partir de amostras de sangue, os pesquisadores mediram o comprimento dos telômeros em glóbulos brancos. Eles observaram que o consumo de até 3 ou 4 xícaras estava associado a telômeros mais longos — mas esse benefício não foi registrado nos participantes que ingeriam 5 xícaras ou mais.

Pessoas que ingeriam o equivalente a quatro xícaras por dia apresentaram telômeros comparáveis aos de indivíduos com idade biológica cerca de cinco anos menor.

Propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias podem explicar o efeito


Embora não permita estabelecer relação de causa e efeito por ser um estudo observacional, a pesquisa aponta mecanismos plausíveis para os resultados — especialmente os compostos antioxidantes e anti-inflamatórios presentes no café.

“Os telômeros são altamente sensíveis ao estresse oxidativo e à inflamação, o que reforça como a ingestão de café pode preservar o envelhecimento celular em uma população predisposta a envelhecer mais rápido”, afirmam os autores.

Os pesquisadores, porém, alertam que exceder a quantidade diária recomendada pode gerar o efeito contrário, causando danos celulares devido à formação de espécies reativas de oxigênio.

A OMS recomenda consumo máximo de 400 mg de cafeína por dia — o equivalente a aproximadamente quatro xícaras de café.

*Com informações da CNN Brasil