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BRT por cima da Fernandes Lima é possível? Veja como ficaria se Maceió adotasse novo modelo de transporte
Projeto de veículo sobre trilhos levantou debate nas redes sociais
E se Maceió tivesse um transporte sobre trilhos? É o que ilustra o projeto de Dilson Ferreira, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), publicado em suas redes sociais. Retomando uma proposta ainda mais antiga do que o VLT, lançado em 2016, o arquiteto e urbanista ilustra como seria se Maceió adotasse um novo modelo de transporte, o BRT (Bus Rapid Transit), ou Transporte Rápido por Ônibus.
Criado a partir de tecnologias de inteligência artificial, imagens da região e um esboço da ideia, o objetivo do vídeo foi criar uma visualização em 3D de como seria o transporte se implantado por cima da Av. Fernandes Lima e da Via Expressa, duas das principais vias da capital.
De acordo com Dilson, a intenção do estudo é gerar uma discussão pública e trazer de volta um tema que foi abandonado ao longo do tempo.
Proposta
Para o professor, a proposta surge antes mesmo da implantação do VLT. “Essa proposta já existia e não surgiu agora. O vídeo que divulgamos teve o objetivo de retomar esse debate e mostrar que essa discussão começou há quase dez anos, mas não avançou. Nenhum político assumiu essa pauta e o próprio Governo do Estado deixou o projeto de lado. Desde 2016, essa ideia permanece esquecida, mesmo tendo passado por análises da CBTU e de órgãos de mobilidade do Estado e do Município”, destacou o professor.
O arquiteto e urbanista também destaca as vantagens do BRT em relação ao atual modelo de transporte sobre trilhos existente na capital, o VLT.
“O BRT e o VLT são dois sistemas diferentes de transporte coletivo. O BRT é um corredor exclusivo de ônibus articulados ou biarticulados. Mesmo sendo ônibus, ele funciona como um metrô na superfície, com estações, embarque rápido e alta frequência. Ele transporta entre 10 mil e 30 mil passageiros por hora e custa entre 20 e 60 milhões de reais por quilômetro, o que o torna mais acessível e rápido de implantar. O VLT é um trem leve sobre trilhos. É mais confortável, mais estável e transporta entre 20 mil e 40 mil passageiros por hora, mas seu custo é muito maior, geralmente entre 150 e 300 milhões de reais por quilômetro”, explicou.
O projeto original, porém, precisa de reestruturação, principalmente depois das alterações que a cidade e o estado sofreram nos últimos dez anos.
“Maceió precisa reavaliar o estudo de 2016. A cidade mudou radicalmente nos últimos 10 anos. O afundamento dos bairros alterou o território e inviabilizou parte do traçado original. A expansão no litoral norte mudou a dinâmica populacional. Por isso, é necessário atualizar o planejamento, simular cenários, revisar percursos e adequar a proposta à realidade atual da cidade. Atualmente o VLT interrompido por causado afundamento dos bairros pela Braskem não chega a 2.000 pessoas dia”, destacou Dilson.
Viabilidade
Apesar de estratégico e de longo prazo, o projeto do BRT Maceioense é viável.
“Um projeto de VLT, monotrilho ou metrô aéreo é viável, mas exige recursos federais. O custo por quilômetro varia conforme o modal, a tecnologia e o padrão das estações. Hoje, qualquer solução robusta custa entre 150 e 300 milhões de reais por quilômetro, podendo chegar a 380 milhões em sistemas mais avançados.Em 20 quilômetros, estamos falando de um investimento mínimo de 3 bilhões de reais. Esse valor está fora da capacidade financeira do município e do estado. É impossível implantar um sistema desse porte sem participação direta da União."
Juntamente como VLT, a implantação do BRT formaria um pacote de soluções para a mobilidade urbana de Maceió.
“Para o caso de Maceió, como urbanista, considero que a melhor solução hoje é o BRT. A cidade já tem a Fernandes Lima duplicada, a Via Expressa em duplicação e o Arco Metropolitano em execução pelo governo do estado. Essas três estruturas formam uma base ideal para integrar um sistema de BRT moderno, como o de Curitiba, criando corredores contínuos e interligados. Isso permitiria melhorar a mobilidade da cidade no curto e médio prazo com menor custo e maior rapidez. Já a longo prazo, o VLT ou um metrô de superfície seria a solução estrutural para os próximos 30 a 50 anos, complementando o BRT e formando um sistema de alta capacidade para o futuro da cidade”, concluiu o professor.
*Estagiária sob supervisão


