O que explica Renan em primeiro e Lira em último lugar, nas pesquisas para senador?
Desempenho é tão ruim, que o deputado perde também para Alfredo Gaspar e Davi Filho
Os dois são políticos experimentados, vividos (o emedebista largou primeiro na vida pública) disputam as atenções e apoio dos alagoanos e estão em campanha com o mesmo objetivo, isto é, conquistar um mandato de senador nas eleições de 2024.
Ambos também presidem seus partidos em Alagoas, mas há diferenças marcantes, pois, enquanto o senador Renan Calheiros está filiado ao MDB desde que se elegeu deputado estadual, na década de 1970, o deputado federal Arthur Lira filiou-se ao PP após passar pelo PFL, PSDB, PTB, e PMN, tendo ingressado no Progressistas pela segunda vez.
Quando o assunto é influência e status, Renan aparece distante, em plano superior, cumprindo o sexto mandato após ter presidido o Senado em quatro oportunidades e comandado o Ministério da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso. Lira, por sua vez, exerce o quarto mandato de deputado federal e só ganhou destaque exercendo a presidência da Câmara nos governos de Bolsonaro e Lula.
Mas não são essas diferenças que os distanciam tanto, no atual Parlamento e na caminhada rumo ao Senado. São as posições, as atitudes, as pautas e agendas de cada um, notadamente nos últimos quatro anos.
Presidindo a Câmara, Arthur Lira atuou focado nos próprios objetivos e na conquista e liberação de emendas orçamentárias destinadas a repassar dinheiro para os parlamentares. Liderou o centrão nas batalhas por mais e mais grana. Renan Calheiros, enquanto isso, defende propostas sérias e construtivas, como o fim dos super salários, o corte de subsídios bilionários visando reequilibrar as finanças do governo, a redução de cinco por cento nos contratos de imóveis da União, a tributação das 'bets' e fintechs e mais transparência na contratação de empréstimos por estados e municípios.
No entanto, o que expôs de modo crucial 'quem é quem' na atualidade do Congresso Nacional, com ampla repercussão na mídia, foi a batalha pela aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco mil reais.
Relembrando: o projeto de lei enviado pelo presidente Lula ao Congresso no início do ano passou sete meses dormindo, sob efeito de sonífero, na gaveta do presidente Artur Lira. Até que, diante da desfeita e interagindo em nome de Lula e de 15 milhões de contribuintes ansiosos por ver a isenção aprovada, Renan Calheiros reagiu, apresentou à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE, que ele preside) um projeto idêntico, paralelo, tendo o próprio como relator, fazendo tudo em parceria com o senador Eduardo Braga.
O efeito foi instantâneo.
Lira acusou a estocada e saiu em disparada para pedir Hugo Motta, presidente da Câmara, a liberação do PL do Imposto de Renda. E agiu chamando Renan (sem citar o nome) de 'relator oportunista', mas não não o fez graciosamente. É que o senador, ao denunciar o engavetamento do PL e o risco de perda do prazo para sua votação e aprovação, acusou Lira de manipular a proposta de Lula para condicioná-lo aos seus interesses e do grupo político que representa. A repercussão, com a mídia explorando a 'teoria da chantagem', foi a pior possível para o deputado do PP.
Isso pode explicar, aqui em Alagoas, as posições diametrais que os dois políticos ocupam nas mais recentes pesquisas de intenção de voto para o Senado. A nova sondagem do Real Time Big Data, por exemplo, divulgada na terça-feira, 25 de novembro, mostra Renan Calheiros com 26% da preferência dos alagoanos contra apenas 13% de Arthur Lira. É o dobro da pontuação, cem por cento de vantagem. Traduzindo, um massacre.
De certa forma, esses números servem também para retratar os ganhos que os dois obtiveram nas eleições municipais de 2024, pois, enquanto o MDB de Renan elegeu 65 prefeitos, o PP de Lira venceu em apenas 27 dos 102 municípios alagoanos, e o pior, registrando um a menos que na eleição anterior.
O pífio desempenho, só para lembrar, deixa Lira muito atrás atrás também de Davi Filho (21) e Alfredo Gaspar (18).


